Este
negro espelho
Abraçado
à solidão do cansaço
O
sonho embainhado nos alicerces da noite
Como
se a noite fosse o cobertor
Protector
Da
alegria
Não
sentida
A
vida a escoar-se montanha abaixo
E
o rio enforcado no socalco esquecido pelo homem
Dos
sonhos
Entre
sonhos
A
poeira das fotografias,
Abandonadas
E
perdidas,
Este
negro espelho
Sem
coração
Que
o dia entristece
E
aquece
Na
lareira da dor,
E
há uma fogueira no meu peito
E
há um esconderijo nos meus braços
Prateados
Das
doces pálpebras do destino,
O
menino,
Este
negro espelho
Espantalho
do sofrimento
Que
só o sono consegue alimentar
E
na lareira da dor
As
cinzas parcas dos eléctricos
A
cidade ignora-me
Mas
não me importo com as cidades
Os
rios
O
mar
Os
barcos
O
menino…
Perdido
na esperança de acordar.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Domingo,
31 de Maio de 2015