Podíamos
falar da vida,
Podíamos
recordar aquilo que se perdeu no tempo,
Algures
no Oceano,
Podíamos
falar…
Podíamos
brincar
Nas
palavras
Como
fazíamos na sombra da seara dos olhos negros,
Podíamos,
Algures,
Hoje,
Amanhã…
Amanhã
não o sei,
Se
o teu álbum de fotografia sorri para mim,
É
tão difícil desenhar-te um sorriso,
Meu
amor,
Podíamos,
Podíamos
brincar no Tejo com barquinhos em papel,
Papagaios
coloridos…
Voando,
Voando,
Voando
até se abraçarem no luar,
Podíamos
sonhar,
E
hoje,
E
hoje não sonhos,
Nem
Primavera,
E
hoje
E
hoje podíamos brincar no silêncio das arcadas em flor,
Apelidavam-nos
de loucos,
Dois
loucos que deixaram de poder,
Brincar,
Voar,
Sofrer
Ou
deixar a planície entrar nas nossas mãos,
E
podíamos,
Amanhã,
Ontem,
Mas
hoje…
Não
podemos falar da vida,
Não
temos vida,
Palavras,
Sonhos
E
migalhas,
Como
se fossemos dois cadáveres putrefactos ao pôr-do-sol…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira,
28 de Maio de 2015
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