Toco-te sem saber
que não sentes o meu silêncio
toco-te sem perceber
que há dia nos cortinados do teu olhar
sentamos-nos
e descubro que na
tua mão de lágrima
vive uma abelha
triste
e cansada
toco-te fingindo que
no teu corpo existe uma cidade por descobrir...
deserta, só
toco-te sem saber
que não sentes o meu silêncio...
que a minha ausência
vestida de negro
é apenas um pedaço
de cansaço semeado no teu ventre...
O veneno
o veneno que há em
ti
comestível nas
tardes de solidão, à janela
desenhando o que é
impossível de desenhar...
porque os círculos
da paixão se evaporam nas pedras em combustão
e na geometria... o
amor não tem significado
é absorto
é... é mais uma
ruela sem saída
o veneno
o veneno que se
alicerça aos teus seios
e...
e não te deixa
adormecer,
Toco-te sem o saber
porque deixei de
observar as tuas algas
e esqueci que nesse
rio onde andavas...
ninguém hoje sabe
que o teu corpo lhe pertenceu
foste abraçada
foste... foste amada
pensavas que havia
rochedos de insígnias
quando apenas...
nada
quando apenas uma
quadriculada palavra... invadiu as tuas coxas
absorveu-as... e
hoje são um esqueleto de vento
em pequenos
quadrados suspensos nos lábios de um marinheiro...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 30 de
Outubro de 2014