Tão longe, esses
olhos escondidos no silêncio da minha mão,
tão perto, a tua
fotografia a preto e branco suspensa no estendal da solidão,
sentado, escuto, e
olho, e sonho...
sentado felicitam-se
pela minha ausência,
torno-me invisível,
I N V I S Í V E L...
e... e tão
pequenino... que nem uma qualquer página de jornal me consegue
encontrar,
dizem, quando passam
por mim, que enlouqueci,
escrevem nas paredes
do meu corpo...
“AUSENTE”,
e um ausentado não
sofre,
não chora, não
sente,
e... e não quer ser
amado,
repito,
sou um simples
AUSENTADO,
tenho asas,
tenho ventos nas
minhas pálpebras de diamante,
e... e repito,
não,
não quero ser
encontrado,
tão longe, esses
olhos...
desejam-me como um
esqueleto formatado,
e há quem pense que
eu sou uma antiga disquete...
não, não o sou,
impossível...
impossível formatarem-me,
tão perto, a tua
fotografia a preto e branco...
e já me apelidaram
de banco de jardim,
de árvore,
gaivota,
apelidem-me de tudo
o que quiserem,,,
mas prefiro ser um
AUSENTADO,
do que estar
presente e pertencer ao amanhecer dos formatados,
porque não um
falhado?
um falhado de fato e
gravata,
de jornal com três
dias de atraso debaixo do sovaco,
agacho-me,
e com o lenço de
linho dou graxa aos sapatos...
Ai... anda por aí
tanto engraxador,
que me farto,
que me cansa,
que... que não
encontro explicação para pertencer ao amanhecer dos formatados,
antes um
AUSENTADO...
mesmo sendo um
AUSENTADO falhado...
do que um engraxador
diplomado,
um... um engraxador
fornicado...!
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 15 de
Setembro de 2014