Uma
abelha de luz poisa no teu olhar. Haverá sempre noite; mesmo que a lua se
suicide no teu olhar, haverá sempre luar na tua vida,
O
cansaço,
Nos
dias que se perdem, nas horas em que nasce e, morre uma estrela, mesmo assim, haverá
sempre Primavera na esplanada da saudade.
O
esqueleto rangia como os gonzos do silêncio e, nunca percebeu que lá fora,
junto ao rio, um fio de nylon tentava regressar à velha fotografia; tinha na
mão a imagem de Cristo crucificado.
Em
cio, avança o exército de gaivotas em direcção ao mar; os barcos da minha
infância são hoje objectos raros, distantes de uma cidade envergonhada pelo
passado.
Pedacinhos
de linha, anzóis despedidos pelo velho pescador e, junto ao cais
Uma
criança inventa electrões, protões e a tomografia por emissão de positrões e,
eu desconhecia que o PET lhe vasculhava tudo até aos ossos; amores e paixões,
flores e jardins, sumo de laranja e bacalhau com natas. No final
A
sentença. CONDENADO.
Ela
CONDENADA.
Hoje,
há quem me diga que são muito felizes, os dois e, vão amar-se eternamente.
O
dia e anoite,
A
lua e o luar,
Ambos,
ambas, condenados
Condenadas
pela insónia de DEUS.
Hoje
são pequenos grãos de areia na mão da tempestade. Vivem num cubo de vidro, alimentam-se
de pequenos nadas e, lêem as escrituras divinas. Nada a fazer, digo eu
Tudo
a fazer, dizia ela
CONDENADA
pelo oxigénio abstracto da manhã.
Alijó,
14/08/2021
Francisco
Luís Fontinha