terça-feira, 7 de maio de 2024
quarta-feira, 1 de maio de 2024
Não preciso de nada.
Não preciso de nada e
sinto a falta de tudo.
Tenho tudo do pouco que
tenho
digamos que nada tenho
nem a vida me pertence.
Não tenho nada
e tenho tudo.
Não tenho amor
não tenho pão
Nem a noite eu consigo
ter.
Tenho tudo e não tenho o
sono
não tenho a noite e tenho a
insónia
e tudo me falta;
obrigado, mas não preciso de nada.
sexta-feira, 26 de abril de 2024
Mário de Sá-Carneiro
Faz hoje 108 anos que morreu um dos
maiores poetas portugueses da primeira metade do Século XX; Mário de Sá-Carneiro.
Tinha 25 anos quando se suicidou em
Paris.
Um enorme acto de coragem e de nobreza.
sábado, 6 de abril de 2024
Livro
Odeiam-te porque apenas
tens um
nome fictício, apenas
porque procuras na janela do livro invisível
a canção do desejo. Odeiam-te
cada vez mais como se a chuva fosse a culpada do assassinato da tua sombra.
Não tens culpa da morte.
E odeiam-te
na ânsia de que a tarde
traga na sua boca, a erva daninha do teu cabelo; esta pedra cinzenta traça
sorrisos na mediatriz da insónia.
(06/04/2024)
quinta-feira, 4 de abril de 2024
quarta-feira, 3 de abril de 2024
quarta-feira, 27 de março de 2024
quarta-feira, 20 de março de 2024
livros
brevemente, neste espaço, vou começar a vender parte dos meus 8000 livros, ficarei apenas com os livros de poesia…
(Francisco)
segunda-feira, 18 de março de 2024
Leituras
No rasto dos duendes eléctricos
(poesia 1978-2018) de ADOLFO LUXÚRIA CANIBAL.
Porto Editora.
Adolfo Luxuria Canibal é o
pseudónimo de Adolfo Morais de Macedo.
Licenciado em Direito
pela Universidade de Lisboa, foi advogado e é consultor jurídico.
É o vocalista do grupo de
rock Mão Morta.
Boas leituras.
(Francisco)
sábado, 16 de março de 2024
sexta-feira, 8 de março de 2024
segunda-feira, 4 de março de 2024
poesia colorida
O TEU CABELO SÃO PRIMAVERAS
SÃO OS BARCOS QUE VOAM SOBRE OS TEUS OLHOS
SÃO A FLOR QUE
TENS NA MÃO
SÃO AS PALAVRAS
O TEU cabelo É UM CORAÇÃO
SÓ NA NOITE;
COMO EU.
SÓ NA NOITE!
(orgasmo literário)
domingo, 25 de fevereiro de 2024
Leituras
Flor De Fumo e Outros
poemas de Nadia Anjuman.
Nadia Anjuman poeta e
jornalista afegã, nasceu a 27 de Dezembro de 1980 e faleceu a 4 de Novembro de
2005 na cidade Herat (Afeganistão).
Morre às mãos do marido, por ciúmes pelo seu sucesso enquanto poeta.
O poeta e ex-ministro da Cultura Luís Castro Mendes, autor do prefácio
da versão portuguesa, descreve a expressão de Nadia Anjuman como “uma poesia de
um desespero manso, de uma desilusão que não grita para não estilhaçar as
possibilidades de beleza que o mundo sucessivamente recusa, mas que nos
interpela com mais força, pela violência do seu silêncio”. (fonte
Expresso)
sábado, 24 de fevereiro de 2024
Leituras
Depois de fazer um interregno
nas minhas leituras sobre o surrealismo português, tendo nesse intervalo de
tempo lido a Sophia (obra completa poesia e prosa), Júlio Pomar e Vinicius
(antologia poética), volto com Artur do Cruzeiro Seixas.
Artur do Cruzeiro Seixas
é um dos grandes nomes do surrealismo português e europeu.
Nasceu na Amadora em 3 de
Dezembro de 1920 e faleceu em Lisboa a 8 de Novembro de 2020.
Há um livro de Cruzeiro
Seixas e de Luiz Pacheco que eu gostava muito de ter, quando tiver dinheiro é
claro; Comunidade, tem 36 páginas e custa 1350€.
Aos leitores deste
espaço, deixo a sugestão.
Na imagem: Obra Poética,
Artur do Cruzeiro Seixas, Porto Editora.
24/02/2024
sábado, 4 de novembro de 2023
Partida
Podíamos partir em
direcção ao mar
E levar connosco todos
estes livros,
Todas estas memórias.
Podíamos brincar no mar
E desenhar na areia o
sorriso do silêncio,
Podíamos escrever na
espuma do mar…
O quanto mar existe nos
teus olhos,
Do mar Oceano das tuas
mãos,
Podíamos regressar a
Ítaca
E resgatar o soldado
infeliz,
Conversávamos com a
esposa de Zenão…
(o paradoxo de Zenão)
Podíamos voar sobre as
árvores,
Podíamos cantar junto ao
rio…
Podíamos aprisionar o
vento
E a chuva,
Podíamos partir em direcção
ao mar
E levar connosco todos
estes livros,
E todas estas sombras.
04/11/2023
domingo, 15 de outubro de 2023
Primeiro olhar
Afinal onde ficou
O teu primeiro olhar
Onde se esconde
O teu primeiro sorriso
A tua primeira lágrima
Afinal onde ficou
O teu primeiro olhar
Onde se esconde agora
O teu primeiro silêncio
Para mim
Afinal onde ficou
A tua primeira palavra
Que se abraçou
Ao meu poema
Afinal onde ficou
Onde se esconde
O teu primeiro olhar
Do teu primeiro beijo
Afinal onde mora
Onde está
A tua primeira alegria
Do dia
Em poesia.
15/10/2023
quinta-feira, 28 de setembro de 2023
Agricultor
Semeio as minhas palavras
No curvilíneo teu corpo
Madrugada em desalinho
Neste pequeno leito em
linho
Meu doce grama de saudade
Semeio as minhas palavras
Dentro de ti
Em ti
Madrugada
Sentido rio que se
esconde em tua mão deserta
Liberta do meu pulso
Da caneta que te escreve
E inventa nos teus seios…
O beijo.
Semeio em ti doce
madrugada
As alegres
E as tristes
Minhas amargas palavras
Meus poemas em teus
lábios
Quando me beijas e eu
sinto a frescura da manhã
Em fuga
E se esconde na fogueira
do silêncio…
Invento em ti a enxada
Que desbrava a terra
ensanguentada
Das guerras
Da fome
Do infeliz desejo que
queria ser…
O sonho
No sonho de escrever nos
teus lábios
Todas as equações que o
corpo absorve
E come
E lambe…
Toda a tua pele de
saudade.
Semeio as minhas palavras
no teu púbis
E à janela do nosso
quarto
Ele que nos olha
Que nos sente
E mente…
Ele…
O agricultor de palavras
Da enxada
Do livro prateado
Sobre a
mesinha-de-cabeceira…
E no entanto
Semeio-te com as minhas
palavras
Na tua pele
Nos teus lábios
Na tua boca.
E eu
E eu sou o louco
O que pensa muito
O que não devia pensar
Pensando que te desejo
dentro deste livro secreto
Que deixo sobre o aparador
Ao deitar
Meia drageia de saudade
E no entanto
Escrevo em ti de ti o que
que preciso de escrever
Do amar
Do que me amas e não
devias amar
Porque sou apenas um
agricultor
Um agricultor de palavras.
28/09/2023
Livros meus
Afasta-te de mim
Afasta-te da minha voz
E das minhas mãos
Afasta-te das minhas
palavras
Das minhas noites…
E das minhas equações
Afasta-te do meu olhar
Afasta-te dos meus poemas
Os que escrevi
E os que irei escrever
Afasta-te do meu mar
E dos meus sonhos
Afasta-te da lua a
crescer
E do luar
Poisado nos meus braços
Afasta-te dos meus beijos
E dos meus cansaços
E afasta-te dos meus
livros
Que escondo nos meus abraços
28/09/2023
quarta-feira, 27 de setembro de 2023
Solstício
Meu pequeno solstício do desejo
Meu poema
Minha oração cansada
Quando deitada
Nesta cama
Sem perceber
Se um dia ao acordar
Também acordará a poesia
A mentira fictícia da
ausência
Entre o sonho e o mar
Entre o mar
E o dia
E o dia em clemência
Pedindo
Ordenando que acorde também
a noite
Quando um pedaço de tudo
Se ri de mim
E rindo
Também me rio também me amar
Do mar eu
Ao teu nosso mar
Meu pequeno solstício do
desejo
Meu poema
Minha oração cansada
Quando deitada
Nesta cama
Dos livros nossos livros
Das nossas flores
Flores nossas mãos
entrelaçadas
Ao lençol de neblina
Que cobre a tua pele
Do linho amargo ao
silêncio-pastel
Deitado na tela
Deitado no teu ventre.
27/09/2023
domingo, 24 de setembro de 2023
Cubo de silêncio
Pego no teu cabelo
Sonâmbulo acordar da
manhã
Pego no teu cabelo e
lanço-o ao vento
Como se fosse uma semente
Ou um pedaço do meu
pensamento
Como se fosse um corpo
que não sente
Indolor dentro deste
pequeno cubo de silêncio
Pego no teu cabelo e lanço-o
ao vento
Primeira lágrima da manhã
Que me mente
E me diz que não habita o
sofrimento
Nos teus olhos de mar
Neste velho jardim com
sabor a mágoa
Pego no teu cabelo
Pedaço de vinho
Neste cálice doirado
Pego no teu cabelo
abençoado
Que voa sobre o luar
Sem perceber que na minha
mão
Brinca o Outono
Pego no teu cabelo
Sonâmbulo acordar da manhã
Janela virada para o mar
Quando as algas são as
Princesas da preia-mar
Que no teu cabelo eram
crianças… crianças de brincar.
24/09/2023