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sábado, 31 de agosto de 2013

as listras encarnadas da solidão

foto de: A&M ART and Photos
espero-te como se fosses a noite e me trouxesses as listras encarnadas da solidão
como se fosses a janela dos meus sonhos
e me trouxesses
a fantasia
e a paixão
revestida
negra
a fome
depois de acordar a madrugada
depois de cessar este empobrecido coração
espero-te
espero-te eu porquê?

depois...
depois o quê?
que não dormes
e que sonhas comigo?
espero-te na esquina da insónia
e tu não és de carne e osso...
como os humanos que aprendi a distinguir e a amar e a odiar...
às vezes
depois
tenho-te medo
que vagueis em mim como os tristes ângulos dos teus lábios
entre senos e cossenos magoados


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 31 de Agosto de 2013

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

o espaço só e vazio

foto de: A&M ART and Photos

imagino as incógnitas que vivem na tua cabeça
tento perceber as equações do teu empobrecido coração
geometricamente
não consigo determinar a posição do teu corpo no espaço tridimensional...
e tudo parece tão simples
normal
imagino a integral dos teus seios pintados de encarnado
e reflectidos no prisma que se esconde na teoria das cores
dos cheiros
e sabores
imagino a equação diferencial das tuas alegres coxas
quando se despedem da tarde as gaivotas triangulares

imagino o silêncio vestido de negro
caminhando sobre o arame da solidão
lá em baixo o público enfurecido olha-te como se fosses um cartaz perdido no vento
balançando
dormindo
chorando
e imagino as incógnitas que vivem na tua cabeça
os círculos trigonométricos do teu púbis amargurado
cansado de mim
talvez... apaixonado por mim
talvez
porque tridimensionalmente... não consigo determinar-te no espaço só e vazio


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 29 de Agosto de 2013

sábado, 20 de julho de 2013

Bailarino, tu!

foto de: A&M ART and Photos

Projecto-me tridimensionalmente no muro onde poisas, todas as noites, os cotovelos, seguras a tua doce cabeça com as pequeníssimas mãos de menina apaixonada, olho-te como se fosses uma imagem prateada tingida com pedaços de azuis cerejas que numa tela simplesmente mergulhada na noite desgovernada, ela, absorve-te, alimenta-se de ti como as abelhas do feminino pólen com sabor a masculino desejo, e depois de saber que és uma imagem prateada tingida..., os pedaços de azuis cerejas borbulham-se-te com cobertores suspensos numa janela dançarina, bailarina eu?
Bailarino, tu!
E de ti como as abelhas, desisto das parvas palavras que finges ler, como fingias as noites dos cortinados de Lisboa, baixavam-se as tímidas persianas do amor também ele..., tímido?
Bailarino, bailarino sem profissão conhecida, artista sem arte, Tímido, eu? Que me dera ser como tu, uma triste alga dentro do rio sonolento das varandas com gradeamentos enferrujados, tristemente, eles, dentro de ti, às sílabas farto eu escrever, Tímida ela?
Perdia-se-lhe os mínimos sons da sua voz nas pétalas doiradas das rosas transeuntes das ruas prostituindo-se como reles bancos de jardim, onde todos se sentam, e eles... apenas estão lá, não pelo prazer, apenas estão lá porque os obrigam a estar, porque se não fosse dessa forma...
Tímidos?
Os corpos reluziam como gaivotas, e das ripas em madeira dos teus ombros, as alegres asas de porcelana, meu amor, Tímida? Quando sei que o teu corpo é incenso que arde num prato de cobre, música alimenta-se em ti, e os versos
Bailarino, tu!
E de ti como as abelhas, desisto das parvas palavras que finges ler, como fingias as noites dos cortinados de Lisboa, baixavam-se as tímidas persianas do amor também ele..., tímido?
Versos no cardápio ao preço de vinte e cinco euros a dose, aprece muito, isenção de IVA, e com a oferta de uma bebida branca...
Bailarino tímido, eu, ou tu?
Tenho uma vida cúbica, tenho sonhos quadrados e sofro em círculo, sou um perfil geométrico, alimento-me de senos e cossenos, fumos tangentes hiperbólicas, e faço o amor com as equações diferencias..., afinal, quem sou eu? Um pedinte matemático? Um bailarino/Bailarina, Tímida? Um hipercubo com braços de esperma descendo escadas de cinzentos soníferos com orifícios a imitar as janelas de luar?
Bailarino, tu?
És um triste, és uma integral tripla sobrevoando o momento fletor dos teus livres seios na viga do desejo... oiço-te gemer, a musicalidade da tua boca é uma pauta com sons débeis, difíceis de engolir, fáceis de mastigar..., textos, palavras, livros bolorentos entre vacas e carneiros no centeio do tio Joaquim, vivíamos como dois palhaços embriagados pelos sorrisos das marés envergonhadas dos longínquos mares que descobrimos nunca terem existido..., e o vento
E o vento vai desalicerçar a tua singela estrutura de bailarina rodando em redor do teu centro de massa cuspindo momentos angulares como fazem as nuvens antes de adormecerem nos teus braços...
Ainda acreditas, que, eu, Bailarino... Tímido?

(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

sábado, 11 de maio de 2013

A deleitada manhã ensanguentada pelos carris de uma paixão invisível

foto: A&M ART and Photos

Subo até desistir de caminhar sobre cobertores
e finos espelhos de aço
subo teu corpo meu poiso ancorado
sabendo que em cima da cúpula cúbica uma raiz quadrada morre e cai...
e subo e desço e sento-me sobre as linhas rectas do desejo,

Procuro e busco beijos tridimensionais
beijos em lábios triangulares
como um sótão solitário debaixo do céu
um bocadinho acima da saudade cidade
entre esparsas lágrimas e panos margaridas,

Subo
e desces por mim até chegares ao terminal número cinco
faixa três primeiro andar esquerdo na rua dos pilares de areia...
e desço sobre ti
como descem as madrugadas nas pálpebras cinzentas das tuas mãos,

Sou um imbecil programado
iletrado e desalinhado como os parafusos das dobradiças do teu púbis montanha de peixe
e conversávamos sobre poemas de leite
e conversávamos...
as minguas cavidades sombrias das frestas do delírio que a noite desenhava em nossos corpos de maré revoltada,

E línguas de xisto derramavam sobre os teus seios em socalco
subtis palavras em pedaços de terra adormecida na esplanada do abraço
e a deleitada manhã ensanguentada pelos carris de uma paixão invisível
e talvez impossível de desenhar
evapora-se dentro da tua doce boca com sabor a naftalina...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 25 de março de 2013

Paixão Geométrica

A&M ART and Photos

É da tua voz difusa que os traços de suor
acordam nas pétalas loucas que os poetas inventam
misturam-se nos teus lábios (sem que eu saiba se são doces ou amargos) sílabas
de água perdidas entre rochas e árvores de candeias
à luz semeada pelo diáfano silêncio dos desertos cansados da tua boca,

Há dias que não percebo esta solidão de areia
que o vento levita das pequenas junções das lajes de granito da eira de Carvalhais
e no entanto
acompanha-me o melódico sorriso do melro alegremente
penso eu (apaixonado) porque faz balançar os pinheiros dos sonhos,

Atravessas a cidade sobre o arame da saudade
e deixas cair sobre mim
as madeixas de papel que se desprendem do teu cabelo revoltado
com palavras misturas-lhe palavras em constante equilíbrio
e sofrimento de dor,

Inventas o rio para me alegrares
mas até isso me entristece como me entristecem as amarra de aço
que prendem os barcos apodrecidos
(também eles de aço)
a um cais de desassossego que tu dizes ser meu quando nasci das finas cordas que as gaivotas engolem,

Apetece-me subir ao andar superior onde habitam os gemidos da tua voz
que definem os traços de suor
que a pobre ardósia escreve construindo a geometria do amor
Dois quadrados podem ou não podem apaixonarem-se um pelo outro?
E dois triângulos de Luz?

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Teresa (sem nome, idade ou sexo)

Supostamente, nada o fazia prever, e no entanto, misteriosamente, aconteceu, como uma mácula cinzenta de penumbra debaixo de um céu reconstruído de resíduos esféricos que sobraram das brincadeiras infantis em frente à velha escola, quatro paredes, telhado em zinco, e casa de banho completa com cerca de um hectare bordada a capim húmido e algumas pedras cansadas de sobreviverem à escuridão das noites quando os cortinados se enrolam no pescoço esguio do teu vestido encarnado, adoras o vermelho, o sangue, a gravida quando deixa de ser aproximadamente nove vírgula oito metro por segundo quadrado, e talvez por desorientação, é de doze vírgula cinco metro por segundo quadrado,
(acreditei que o seno ao quadrado de alfa mais o co-seno ao quadrado de alfa o resultado é um, incrível, como se a tangente de trinta graus não fosse raiz de três sobre dois),
Dir-me-ás que o triângulo isósceles do segundo esquerdo é loucamente apaixonado pelo triângulo equilátero do rés-do-chão frente, e que são felizes, diria até
Muito,
E tal como o triângulo rectângulo do quinto direito ama loucamente o triângulo isósceles do quatro esquerdo, a hipotenusa ao quadrado é igual à soma dos quadrados dos catetos, e também eles, apaixonados pelo perímetro do círculo com o raio igual à paixão, e se
A paixão ao quadrado é igual ao amor, logo
Qual será a raiz quadrada da paixão?
Não sei nada dessas coisas, tal como nunca percebi o silêncio dos nossos vizinhos que se amam loucamente e têm medo de o assumir, palhaços e palhaços, dentro de um circo denominado tesouro absorto das palavras proíbas, custava-lhes dizerem ou escreverem ou simplesmente no átrio da escola com um ripa de madeira, desenharem na terra húmida
Amo-te Teresa,
(o autor deste texto não ama e tão pouco conhece fisicamente uma Teresa, e é apaixonado por triângulos rectângulos e círculos de luz)
Amo-te Teresa, e enquanto ele escrevia na parede lateral esquerda do átrio da Igreja Matriz, não sendo ela, a matriz, nem quadrada, nem diagonal, nem outra coisa alguma
(apenas o devaneio de um louco que julga ter piada com as porcarias que escreve)
Apareceram treze linda flores de nome Teresa,
Nunca acreditei que no jardim do amor existissem tantas e lindas
Figuras geométricas,
Complexas coxas, finíssimas fronteiras de carne e osso, da pele, escurecida como a água depois de cair a noite sobre o mar, libertava-se um distinto livro de poemas com pétalas vestidas de cubos e hipercubos
(E se eu em vez de amar uma Teresa amasse um hipercubo?)
Com madeixas triangulares, e percebi que ele resolvia as equações do terceiro grau como se elas fossem simples flores, pertences ao jardim do amor, e mesmo assim, elas, elas acreditavam que
(Supostamente, nada o fazia prever, e no entanto, misteriosamente, aconteceu, como uma mácula cinzenta de penumbra debaixo de um céu reconstruído de resíduos esféricos que sobraram das brincadeiras infantis em frente à velha escola, quatro paredes, telhado em zinco, e casa de banho completa com cerca de um hectare bordada a capim húmido e algumas pedras cansadas de sobreviverem à escuridão das noites quando os cortinados se enrolam no pescoço esguio do teu vestido encarnado, adoras o vermelho, o sangue, a gravida quando deixa de ser aproximadamente nove vírgula oito metro por segundo quadrado, e talvez por desorientação, é de doze vírgula cinco metro por segundo quadrado,)
Quando se cai nos braços de uma Teresa qualquer; Cravo, Rosa, Crisântemo ou outra qualquer figura geométrica.

(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Matriz composta

Procuro nos olhos oblíquos da manhã
a bissectriz do cansaço
o meu corpo transforma-se em matriz composta
e dos meus braços
crescem linhas paralelas sem destino
algures suspensas no infinito

elevo ao quadrado a minha solidão
e à raiz quadrada do sofrimento
adiciono uma noite sem nome
sem horários

sem nada