Supostamente, nada o fazia prever, e no entanto,
misteriosamente, aconteceu, como uma mácula cinzenta de penumbra
debaixo de um céu reconstruído de resíduos esféricos que sobraram
das brincadeiras infantis em frente à velha escola, quatro paredes,
telhado em zinco, e casa de banho completa com cerca de um hectare
bordada a capim húmido e algumas pedras cansadas de sobreviverem à
escuridão das noites quando os cortinados se enrolam no pescoço
esguio do teu vestido encarnado, adoras o vermelho, o sangue, a
gravida quando deixa de ser aproximadamente nove vírgula oito metro
por segundo quadrado, e talvez por desorientação, é de doze
vírgula cinco metro por segundo quadrado,
(acreditei que o seno ao quadrado de alfa mais o
co-seno ao quadrado de alfa o resultado é um, incrível, como se a
tangente de trinta graus não fosse raiz de três sobre dois),
Dir-me-ás que o triângulo isósceles do segundo
esquerdo é loucamente apaixonado pelo triângulo equilátero do
rés-do-chão frente, e que são felizes, diria até
Muito,
E tal como o triângulo rectângulo do quinto
direito ama loucamente o triângulo isósceles do quatro esquerdo, a
hipotenusa ao quadrado é igual à soma dos quadrados dos catetos, e
também eles, apaixonados pelo perímetro do círculo com o raio
igual à paixão, e se
A paixão ao quadrado é igual ao amor, logo
Qual será a raiz quadrada da paixão?
Não sei nada dessas coisas, tal como nunca percebi
o silêncio dos nossos vizinhos que se amam loucamente e têm medo de
o assumir, palhaços e palhaços, dentro de um circo denominado
tesouro absorto das palavras proíbas, custava-lhes dizerem ou
escreverem ou simplesmente no átrio da escola com um ripa de
madeira, desenharem na terra húmida
Amo-te Teresa,
(o autor deste texto não ama e tão pouco conhece
fisicamente uma Teresa, e é apaixonado por triângulos rectângulos
e círculos de luz)
Amo-te Teresa, e enquanto ele escrevia na parede
lateral esquerda do átrio da Igreja Matriz, não sendo ela, a
matriz, nem quadrada, nem diagonal, nem outra coisa alguma
(apenas o devaneio de um louco que julga ter piada
com as porcarias que escreve)
Apareceram treze linda flores de nome Teresa,
Nunca acreditei que no jardim do amor existissem
tantas e lindas
Figuras geométricas,
Complexas coxas, finíssimas fronteiras de carne e
osso, da pele, escurecida como a água depois de cair a noite sobre o
mar, libertava-se um distinto livro de poemas com pétalas vestidas
de cubos e hipercubos
(E se eu em vez de amar uma Teresa amasse um
hipercubo?)
Com madeixas triangulares, e percebi que ele
resolvia as equações do terceiro grau como se elas fossem simples
flores, pertences ao jardim do amor, e mesmo assim, elas, elas
acreditavam que
(Supostamente, nada o fazia prever, e no entanto,
misteriosamente, aconteceu, como uma mácula cinzenta de penumbra
debaixo de um céu reconstruído de resíduos esféricos que sobraram
das brincadeiras infantis em frente à velha escola, quatro paredes,
telhado em zinco, e casa de banho completa com cerca de um hectare
bordada a capim húmido e algumas pedras cansadas de sobreviverem à
escuridão das noites quando os cortinados se enrolam no pescoço
esguio do teu vestido encarnado, adoras o vermelho, o sangue, a
gravida quando deixa de ser aproximadamente nove vírgula oito metro
por segundo quadrado, e talvez por desorientação, é de doze
vírgula cinco metro por segundo quadrado,)
Quando se cai nos braços de uma Teresa qualquer;
Cravo, Rosa, Crisântemo ou outra qualquer figura geométrica.
(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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