Sabes, meu amor,
Dos sonâmbulos dias,
Os nossos dias,
Dos nossos outros dias,
E sabes, meu amor,
Em cada dia,
Nasce um poema,
Beijam-se as flores em
poesia,
E tudo,
Tudo meu amor…
Num só dia.
Nasce-se num determinado
dia,
Nasce um filho, num
qualquer dia,
Morre-se a cada dia,
Que passa,
Enquanto a Terra roda a
trinta quilómetros por segundo…
Deixa lá a Terra, meu
amor…
(roda sobre um eixo
imaginário)
Imagina tu, meu amor,
imagina…
O Sol quando acorda,
Todas as plantas abrem os
olhinhos…
E todos em uníssono,
Bom dia…
E tudo, meu amor…
Tudo antes de morrer o
dia,
Ao começar o dia.
Todos temos um dia,
Eu tenho muitos dias,
Dias, dias…
Morreu, morreu, morreu…
Tudo apenas num só dia.
Sabes, meu amor,
Dos sonâmbulos dias,
Os nossos dias,
E sabes meu amor,
Enerva-me este inferno
das palavras,
Em todos os dias,
A cada dia.
E um dia não são dias.
Ouvi-o tantas vezes
quando se escondia ma escuridão…
E eu, imaginava os teus
olhos quando se despede a noite do luar…
Abraçam-se,
Beijam-se loucamente,
E depois temos de levar
com a Noiluar,
Que é o resultado do
produto da despedida da noite… com o luar.
Hoje não há mar, meu
amor.
E hoje também não há
marinheiros dentro de mim…
Hoje diria que…
E sei lá o que dizer
Ou o que diria,
Ou não diria,
Se em cada dia,
A todo o dia…
Este inferno das palavras…
Não morre um dia.
A cada dia.
Do outro dia…
Quem diria…
Que ele,
Que ela…
Quem diria…
Diria eu,
Não.
Alijó, 14/05/2023
Francisco Luís Fontinha