domingo, 14 de maio de 2023

O inferno das palavras

 Sabes, meu amor,

Dos sonâmbulos dias,

Os nossos dias,

Dos nossos outros dias,

E sabes, meu amor,

Em cada dia,

Nasce um poema,

Beijam-se as flores em poesia,

E tudo,

Tudo meu amor…

Num só dia.

 

Nasce-se num determinado dia,

Nasce um filho, num qualquer dia,

Morre-se a cada dia,

Que passa,

Enquanto a Terra roda a trinta quilómetros por segundo…

Deixa lá a Terra, meu amor…

(roda sobre um eixo imaginário)

Imagina tu, meu amor, imagina…

O Sol quando acorda,

Todas as plantas abrem os olhinhos…

E todos em uníssono,

Bom dia…

E tudo, meu amor…

Tudo antes de morrer o dia,

 

Ao começar o dia.

Todos temos um dia,

Eu tenho muitos dias,

Dias, dias…

Morreu, morreu, morreu…

Tudo apenas num só dia.

 

Sabes, meu amor,

Dos sonâmbulos dias,

Os nossos dias,

E sabes meu amor,

Enerva-me este inferno das palavras,

Em todos os dias,

A cada dia.

 

E um dia não são dias.

Ouvi-o tantas vezes quando se escondia ma escuridão…

E eu, imaginava os teus olhos quando se despede a noite do luar…

Abraçam-se,

Beijam-se loucamente,

E depois temos de levar com a Noiluar,

Que é o resultado do produto da despedida da noite… com o luar.

 

Hoje não há mar, meu amor.

E hoje também não há marinheiros dentro de mim…

Hoje diria que…

E sei lá o que dizer

Ou o que diria,

Ou não diria,

Se em cada dia,

A todo o dia…

Este inferno das palavras…

Não morre um dia.

A cada dia.

Do outro dia…

Quem diria…

Que ele,

Que ela…

Quem diria…

Diria eu,

Não.

 

 

 

Alijó, 14/05/2023

Francisco Luís Fontinha

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