sábado, 13 de maio de 2023

Cálice

 Imagino este cálice de vinho

Sozinho,

Imagino o teu corpo nas pétalas do vento

Quando junto ao mar,

Dorme o meu filho barco,

Sento-me,

E imagino-o voando sobre os quintais de Luanda,

 

Imagino este cálice de vinho

Sozinho,

Imagino os teus olhos quando dormem,

Dos teus olhos onde brincam as acácias da minha infância…

E dos teus cabelos em vento silêncio,

O mar da minha infância,

Poisa-me nos lábios…

E beija-me loucamente,

 

Imagino este cálice de vinho

Sozinho,

Imagino a lua poisada nos teus seios de desejo…

Imagino o silêncio… poisado nos teus doces lábios,

Imagino a luz do teu olhar…

A trezentos mil quilometro por segundo…

E eu…

Imagino este cálice de vinho

Sozinho,

 

Imagino o vento dançando nos teus cabelos,

Nuvens dos pincelados desejos,

Na tela teu corpo,

Teu corpo livro,

Matemática,

Equação diferencial…

Imagino este cálice de vinho

Sozinho,

 

Imagino as sílabas do teu ventre

Em maternidade luz,

Dançam os pássaros em mim,

E eu,

Imagino este cálice de vinho,

Sozinho,

Imagino a nossa galáxia em espiral teu sorriso…

 

Imagino as tempestades de medo

Dentro deste cálice de vinho

Sozinho,

Imagino o beijo do silêncio,

Em alegres coloridos lábios

Em marés de sono,

E eu,

Imagino este cálice de vinho

Sozinho,

E podia ser cada um de nós…

Eu,

Tu,

Vós…

Todos,

Todos um dia podemos ser um cálice de vinho

Sozinho.

 

 

 

 

Alijó, 13/05/2023

Francisco Luís Fontinha

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