Vive-se,
Enquanto este pequeno instante
voa sobre o mar,
Enquanto esta velha flor
Brinca nos jardins da
solidão,
E no meu peito
Oiço os longínquos apitos
dos petroleiros em sofrimento,
Vive-se,
Enquanto se respiram as
palavras que a madrugada vomita
Contra o silêncio dos
pássaros,
Vive-se acreditando no
Outono,
Nas fotografias suspensas
sobre a mesa-de-cabeceira,
Vive-se,
Como pedras alicerçadas
às marés do inferno,
Enquanto um banco de
jardim, dorme,
Sonha com as amendoeiras
em flor…
Também ele vivendo
No sonho da serpente,
Vive-se neste labirinto
de mágoas
Transversais ao desejo,
Depois…
Acordam em mim,
Pela manhã….
As canções em revolta,
E um grito se dissipa no
luar.
Alijó, 24/09/2022
Francisco Luís Fontinha