Invento o sono,
Invento as palavras que
me acompanharão
Quando eu for um barco em
pequenos voos sobre o mar,
Invento o sono,
Invento as imagens
lapidadas e que poisam sobre o meu corpo,
E sem que eu perceba,
Trago ao pescoço uma
corrente invisível…
De muitas palavras.
Invento o sono,
Sabendo que transporto
nas mãos
A caneta assassina das
manhãs de poesia,
Invento o sono,
Porque percebi que da
noite alimento as minhas dores,
Sabendo que amanhã chove,
Que amanhã uma criança
com fome
Irá para a escola carregando
uma mochila sonâmbula
E prisioneira das
pequenas lágrimas de saudade,
Invento o sono,
Queimo todas as fotografias,
Semeio sobre a tua sombra
As lâminas do desejo,
Invento o sono,
Enquanto sobre a mesa da
sala…
Uma pilha de livros se
despede de mim.
Invento o sono,
Invento o prazer carnívoro
dos cinzentos pássaros
Que desde a minha infância
habitam no meu peito,
Invento o sono,
Puxo de um cigarro,
Disparo a bala de prata
que os teus olhos escrevem na maré…
Invento o sono,
Não percebendo que vivo,
não percebendo que respiro… inventando o sono.
Alijó, 16/09/2022
Francisco Luís Fontinha
Sem comentários:
Enviar um comentário