Tenho dias.
Todos os dias
Todas as horas
Todas as manhãs,
Onde moras,
Habitas,
Descansas
E dormes.
O amor.
As palavras
Nos livros da paixão
Do corpo
Na mão
Do silêncio
Que vive neste mar;
Os olhos descansam
Nas montanhas sem ninguém
Debaixo
Acima
Entre linhas
O desejo.
Amar
As nuvens do teu sorriso
Numa imagem
Sem juízo
A ira
O grito
Às gaivotas dos teus
seios;
Nenhum pássaro
Estúpido
Se deita em ti,
Como assim?
Em ti,
Planície congelada
Do corpo que jaz na minha
mão
Ao de leve
Levemente
Entre nós.
Um copo.
Quase ninguém presente
Ausente
De mim
Neste esconderijo branco.
O nojo.
A morte em forma de nojo.
O amor de ti
Em mim
Nesta gaivota sem nome;
Ontem
Uma criança
Hoje
Um livro de poesia.
Assim
Serei
Não sei
Talvez o número de
polícia mais estranho do meu bairro.
Sobre as pálpebras
As imagens de quatro
cantos
Numa tigela
A sopa dorme
E suicida-se
Contra a colher da
saudade.
Depois.
Vem a noite
Atira-se para cima da
cama,
Pronto
Sempre
Nesta casa de ninguém.
A janela
À janela
Há janela;
Todas.
Em minha casa.
Sempre
Que há o amor.
Desejar
Não desejar
Que um dia deseje a
morte;
E no entanto
Não me canso
Nem durmo
Sempre que a tua boca
absorve o meu corpo.
Caso contrário
Limito-me a escrever
Em ti
As palavras de amar.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 28/08/2021