O
regresso nunca mais.
A
terra húmida, depois das lágrimas da tarde,
Ficou
lá, no outro destino do menino dos calções.
Todas
as sombras, choram, ditam palavras aos esqueletos de silêncio,
Que
as mãos, trémulas, seguram, enquanto cai a noite,
O
corpo, levita, desassossega na madrugada,
Sente-se
o vento, negro, prateado, nos lábios do Diabo,
O
regresso…
Nunca,
nunca mais,
Porque
a solidão namora as flores em papel, do jardim imaginário.
E
o menino, com o tempo, cresceu.
Um
relógio de luz, quando acorda o menino,
Alicerça-se
nos braços lânguidos que o espaço alimente,
Dos
calções, nada, nem a cor se aproveita,
Talvez,
as árvores, as árvores plantadas por ele,
Hoje,
nada, como os calções,
Pedaços
em madeira, trapos, lágrimas desajeitadas…
Tudo,
tudo morre, naquela terra prometida.
O
mar, enfurecido, sacia-se nas rochas metamórficas do cansaço,
Um
barco, espera pelo menino dos calções,
Estaciona-se
junto à cidade,
Homens,
marinheiros, mulheres, sem fazerem nada,
Espera
que regresse o menino,
De
longe,
De
nada,
Ninguém.
O
regresso nunca mais,
A
terra húmida, depois um finíssimo fio de nylon,
Procura
na multidão da cidade, o menino prometido,
Da
terra sonâmbula,
Que
o viu perder-se,
No
meio do capim.
Machimbombos
tropeçam nas finas lâminas da saudade,
Porque
apesar de tudo, sempre, o menino, viveu na saudade,
De
regressar, um dia,
À
sua cidade.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
03/02/2020