Tenho
medo dos teus olhos
Quando
a noite inventa tempestades nos teus lábios,
Tenho
medo do silêncio,
Medo
do luar…
Tenho
medo de amar…
Quando
próximo do teu rio
Um
tubarão espera por ti,
Tenho
medo das tuas mãos
Quando
os socalcos sobem à aldeia
E
o teu corpo se transforma em perfume…
Tenho
medo do teu cabelo
Entrelaçado
no xisto da manhã
E
um fino fio de oiro…
Vive
na tua boca,
O
beijo acorda do sonâmbulo relógio de prata,
Temos
um horário moribundo,
Caquéctico
E
sujo…
No
pulso da solidão,
Tenho
medo da cidade
Que
habita nos teus seios
E
expulsa todos os corações apaixonados…
Tenho
medo dos bichos de papel
Que
invadem os teus braços
E
lançam sobre o oceano o medo…
O
medo de ter medo
Dos
teus olhos
Das
tuas lágrimas,
Tenho
medo da tua sombra
Incandescente
E
triste
Nos
jardins imaginários…
Tenho
medo dos teus olhos
Que
me alimentam a insónia…
Tenho
medo dos amigos
Que
inventam amigos e de amigos nada têm…
Tenho
medo das pedras
Dos
triciclos em pedra
E
das madrugadas sem dormir…
Tenho
medo da partida…
E
de não regressar mais a mim
O
medo dos teus olhos.
Francisco
Luís Fontinha
sábado,
10 de Setembro de 2016