Desesperadamente
as minhas palavras
coladas no vidro da
morte
em pedacinhos
amargos
a boca do poema
em cio
mergulha ele dentro
do silêncio
no desejo dos barcos
entre as estrelas de papel
e a noite de fingir
assisto ao fim da
noite
quando das vaginais
madrugadas
ouvem-se os uivos
das acácias em flor
desesperadamente
as minhas palavras
nos meus pequenos
desejos de silêncio amargo
caminhar dentro do
mar
antes de acordar o
pôr-do-sol
dos vidros da morte
as minhas mãos em crustáceos
de glicerina
os cogumelos da
vaidade em sombras sibilas
e a laranja do amor
aos poemas loucos
as migalhas do aço
inoxidável
nos olhos do deus do
cio
desesperadamente
(desesperadamente
as minhas palavras
coladas no vidro da
morte)
e a morte vive no
meu corpo
desde o dia que
acordei poema em cio
e todas as janelas
da poesia não tinham visibilidade para o mar
e todos os barcos
e todos os barcos
ouviam-se dentro das estrelas de papel...
Francisco Luís
Fontinha
segunda-feira, 29 de
Agosto de 2016
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