(desenho de
Francisco Luís Fontinha)
O destino do homem
sem cabeça,
mergulhado no
silêncio dos beijos enlouquecidos,
às vezes é
mendigo...
às vezes... tem
medo do perigo,
e foge,
e esconde-se no
volátil vulcão da pele em flor,
sem o saber,
apaixona-se
e morre
num jardim perto de
casa,
é dono da rua
infestada de pássaros
que habitam nas mãos
das amoreiras,
Erguem-se as árvores
nuas da saudade,
passeiam-se como
estátuas nos subúrbios das pálpebras do desejo,
abraçam-se
e abraçam-se...
como loucos cubos de
vidro
entranhados no luar,
o corpo emagrece
e voa sobre as
calçadas de aço...
podíamos construir
na noite uma jangada de espuma,
adormecer no olhar
da última maré do dia...
e o destino do homem
sem cabeça
nas arcadas
invisíveis do infinito...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 19 de
Fevereiro de 2015