Nossas
palavras
Voando
nas linhas curvilíneas do abismo
Sabes
meu amor?
Sinto-me
sem esperança
Vontade
de acreditar
Não
Meu
amor
Deixei
de acreditar
Sinto-me
um afluente
Em
busca do silêncio
Sinto-me
a montanha
Acorrentada
ao amanhecer
Sou
uma árvore caduca
Sem
saber o verdadeiro preço da paixão
Não
A
paixão não se vende
Transacciona
Ou
colecciona
Não
é facturada
Com
IVA
Sem
IVA
A
paixão se sente
Quando
acorda o dia
Visto
as calças do avesso
Troco
a camisa pelo pijama
E
durmo
Sabendo
que nos teus lábios
Habitam
narcisos
Orquídeas
E
sombras
A
paixão é como a tempestade
Liberta-se
do corpo
Voa
Voa
nos finíssimos fios da saudade
Não
penso
Nas
tuas palavras indigestas
Traiçoeiras
Circunferências
de tristeza
Que
apenas o teu corpo conhece
Ama
E
sente
Todas
as noites
Tinham
inventado as cartas de amor
Desenhavas
tão mal
Meu
amor
Os
corações pareciam rochas embriagadas
E
as setinhas…
Uma
serpente venenosa
Enrolada
Nos
Sábados sem nada fazer
Sabes
Meu
amor
Não
existe amor nenhum
Invento-te
para esquecer a solidão
E
as noites em frente ao espelho
A…
a pedir perdão
Perdão
porque errei
Sempre
erro
Sempre
É
o meu destino
Amar
As
folhas de papel pinceladas pelos teus cabelos
Escrever
no teu perfume
“Esqueci-te”
Nem
os teus ossos
Existem
dentro dos nossos livros
Folheio-os
em buca da tua sombra
Uma
personagem minha
“A
Silvina”
Que
por acaso era a minha avó…
Meu
filho
Um
dia
“Esqueci-te”
Nem
os teus ossos
Nem
os teus carinhos
Nada
Meu
amor
Nada
voando nas campestres avenidas do sexo
Hoje
Hoje
sinto-me “o maior filho da puta do mundo”
Um
dia
Sem
ti
Meu
amor
E
repentinamente
Escrevo
meu amor
E
no computador aparece…
Mar…
Coisa
estranha
Meu
amor
Já
devia estar embrulhado em mim
E
não
Eu
aqui a escrever parvoíces
O
amor
Como
se eu fosse Doutorado em “O Amor”
Nada
Doutorado
não sou
Licenciado
sou quase
Mas
tu
Meu
amor
És
a poesia vibrante das tendas de circo
O
sexo na ardósia do sexo
Dois
homens beijam-se
Meu
amor
Como
o Tejo se beija
A
cada regresso
Olhei-te
Corrias
de livro na mão
E
eu
Eu
tive a sorte de encontrar uma das personagens
Não
Não
era a minha avó
Era
a “Deusa das Crenças Perdidas”
Ouvir-te
sem sentido
Nenhum
Esta
triste noite
Sinto-me
triste
Meu
amor
Esta
semana
Parece
um túnel sem fim
Nada
Não
aconteceu nada
Mas…
Mas
adivinho qualquer coisa
Ou
o regresso de um grande amor…
…
Ou a partida de um grande amado…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira,
21 de Abril de 2015