(desenho de
Francisco Luís Fontinha)
estas mãos se
cruzam no Oceano tua pele
mergulhando nas tuas
pálpebras de madrugada
estas mãos te amam
e acariciam
nas tardes
envenenadas pelo desejo
estas mãos de
ninguém
com todos os cheiros
da sanzala
estas mãos de
ninguém
com todos os sons do
amanhecer
que só o perfume de
uma rosa consegue desenhar
e... e escrever
nas sombras do mar
estas mãos se
cruzam no Oceano tua pele
que o barco do meu
amor suavemente desliza...
como todas as
palavras soltas
como todos os
vinhedos suspensos no sorriso de uma enxada
estas mãos te amam
e acariciam
estas mãos de
ninguém
que o tempo come
e despoja as suas
cinzas no cemitério nocturno das gaivotas sem nome...
estas mãos
estas mãos se
cruzam
quando todas as
luzes se apagam e todos os corpos morrem...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Sábado, 3 de
Janeiro de 2015