Vadios soníferos da
vaidade
que deambulam nas
clandestinas ruas da saudade,
olhares prisioneiros
da escuridão,
pincelados
tentáculos de gelo descendo o teu corpo pérfido...
e às minhas mãos
o teu cabelo
incendiado pelo desejo,
e às minhas mãos o
odor censurado do teu coração,
voando sem rumo,
voando... voando
embrulhado em lápis de cera que o tempo engole,
e não sabe que em
mim habitam os cinzeiros de chita,
os cigarros de papel
aromático desenhando lábios de medo na alvorada,
vadios soníferos da
vaidade... vadios monstros da madrugada,
vadios meninos de
Luanda,
sanzalas encalhadas
no cacimbo zincado,
capim em luta pelo
sexo,
sem horários como
os calendários nocturnos dos mabecos em cio...
o rio se abraça ao
barco náufrago que transporta a felicidade,
e a ponte se
alicerça aos seios do amanhecer,
vadios os meus
poemas
em meninos de
Luanda,
a infância lapidada
numa avenida sem estória,
como uma fotografia
inseminada num estúdio negro,
assombrado,
sem número de
polícia... ou paragem de machimbombo.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 19 de
Dezembro de 2014