Sou um ignóbil
cemitério de cinzas
recheado de falsos
amanheceres
e de tristes
madrugadas,
sou um pirata
que tem medo da
noite,
sou... um pirata
de lata,
que chora e branca
nas sanzalas da
infância,
sou uma sombra com
odor a insónia
que não se cansa de
lutar,
sou um ignóbil
cemitério de cinzas,
prateadas
amadas
e cansadas...
arde a cidade do meu
corpo
como plumas de
sílabas enraivecidas,
tenho um livro na
algibeira
sem palavras...
sem... sem brigas,
sem... sem vírgulas,
sou um covarde
vestido de luar
sou um desalmado com
medo...
com medo de amar,
sou um ignóbil
cemitério de cinzas
recheado de falsos
amanheceres
e de tristes
madrugadas,
sou a bailarina do
desejo
em busca do sexo
barato,
sou rua,
sou... sou lagarto,
sou... sou
prostituta,
sou a âncora dos
teus abraços
quando emerge em ti
a sinfonia da paixão,
e todo o amor morre
em tesão...
simplificado
os meus lábios
inseminados pelos teus seios,
esta cidade que
saltita no meu amor...
e me acolhe nos seus
rochedos.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 8 de
Dezembro de 2014