Os corpos
incandescentes vivem na caverna espelhada
o amor cessa
porque um olhar se
acorrenta às arcadas nocturnas da insónia
os corpos
transparentes voam
e não regressam
mais...
O difícil é partir
sem regressar
esconder-se nos
claustros invisíveis do amanhecer
deixar sobre a
mesa-de-cabeceira um simples bilhete...
parto e nunca mais
regressarei,
Regressar porquê?
se ninguém notará
a minha ausência...!
o amor cessa
e das palavras
regressarão os abismos de um Oceano habitado por cadáveres
e em cada cadáver
uma flor na lapela...
Os corpos...
fogem das ruas
inanimadas com odor a Primavera
o amor cessa
como cessaram todas
as andorinhas
e todas as gaivotas
que conheci...
A caverna espelhada
transpira solidão e embriaguez alicerçada aos barcos de papel
o menino de calções
desenha nas sombras do entardecer
corações e
triângulos que um adulto qualquer vai fotografar
e mais tarde...
queimar na fogueira
do desejo.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Domingo, 2 de
Novembro de 2014