Olho-te como se
fosses um falso espelho
semeado no centro da
cidade
olho-te e no teu
silêncio há um poema embrulhado em tristeza
sofres
sofres sem dizeres
nada
olho-te e não sei a
cor do teu sorriso
se tens dores
se...
se preferes sentir o
mar
como fazíamos no
Mussulo
davas-me a mão e eu
sonhava...
hoje... hoje sentes
a minha mão e tu constróis lágrimas em papel...
lá fora dança o
vento e tu voas como voam os suspiros invisíveis
geme uma árvore
ouve-se o rosnar
fervoroso dos automóveis embalsamados
ouvem-se as migalhas
de dor correndo montanha abaixo...
lá fora as minhas
veias são cinza de cigarro
após cigarro
olho-te... olho-te e
não me canso de te olhar
como nunca me cansei
dos teus lamentos
olho-te e percebo
como eram lindas as sanzalas de Luanda...
e os barcos
acorrentados a braços de gesso
sofres
sofres sem dizeres
nada...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 31 de
Outubro de 2014
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