foto de: A&M ART and Photos
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Amávamos-nos como quatro borboletas com asas em
papel, tínhamos círculos e quadrados, tínhamos triângulos,
tínhamos, amávamos-nos
Quando acordava a manhã, tínhamos sede, bebíamos
água salgada, e mergulhávamos num tanque de algas encarnadas,
tínhamos a saudade imprimida nas verdes nádegas em doce algodão, e
amávamos-nos e beijávamos-nos quando éramos gaivotas, hoje, o que
somos hoje, meu amor?
Réstias infiltravam-se nos orifícios das munições
perdidas, algumas, até esquecidas, antes mesmo de
Amávamos-nos como serpentes suspensas nos caules
tubérculo dos esqueletos de arame, sentá-te vergares-te sobre a
sombra do cansaço, gritavas por mim, e nós, as três, na janela da
morte, e procurávamos
De?
Cigarros, pedaços de madeira e fósforos já
usados,
E
De?
Amávamos-nos como correntes de água descendo o
corpo teu, nosso, meu, e teu, de nós as três
Quatros?
E
De nós as três vestidas com tecido branco, puras e
imaculadas, inocentes como as andorinhas antes de acordar a
Primavera, e brevemente alguém
Loucas, elas,
Loucas...
Nós, loucas?
Amávamos-nos como quatro borboletas com asas em
papel, tínhamos círculos e quadrados, tínhamos triângulos,
tínhamos, amávamos-nos entre triângulos, amávamos-nos entre
quadrados, sentadas sobre o cosseno, a Teresa... deitada
Onde, minha querida?
Deitada sobre a tangente de três pi radianos,
coitada, e adormeceu, e vomitou toda a trigonometria, e nada
Querida, sim, diz-me porquê?
Porquê o quê, porquê?
E nada, nem o círculo trigonométrico resistiu à
queda livre do amor quando este
Deitada sobre a tangente de três pi radianos,
coitada, e adormeceu, e vomitou toda a trigonometria, e nada
Querida, sim, diz-me porquê?
Porquê o quê, porquê?
Quando este se atirou do nono andar, havia uma viga
metálica, havia três corpos submersos no silêncio das pequenas
gotículas de suor, os vossos corpos
Entrelaçados como malhasol... e vomitou toda a
trigonometria, e nada
Querida, sim, diz-me porquê?
Porquê o quê, porquê?
Quê...
Porquê, Gabriela?
Não o sei, minha querida, não o sei...
Vi, e havia serpentes, havia aço, havia corpos,
corpos beijando-se na penumbra noite de Agosto, e depois, davas-me a
mão, e eu, eu ficava-te com os teus lábios durante toda a noite,
inventávamos horários nocturnos e as nossas noite
Trinta e seis horas, o tempo necessário para
saborear os teus lábios, os dela, os nossos lábios... e tu,
Gabriela?
Eu o quê, Teresa?
Nada, nada... querida Virgínia... nada,
Porquê, Gabriela?
Não o sei, minha querida, não o sei...
(não revisto – ficção)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 13 de Agosto de 2013