segunda-feira, 2 de abril de 2012

Olhos tristes

Milimetricamente infinito
Todo o silêncio da manhã
Milimetricamente…
Longínqua a saudade que poisa nos meus olhos tristes
Que poisa sobre os meus ombros cansados
Milimetricamente infinito
Todo o amor que há em mim

domingo, 1 de abril de 2012

O perfume da maré

O meu rosto impresso no espelho da alvorada, lá fora o rosnar dos carros embebidos no perfume da maré que me olham e querem levar-me para longe, abros as asas e em pequeníssimas bicadas no mar oiço dos teus olhos os fios de luz do desejo,
A gravidade puxa-me até ao centro da terra, e os teus lábios começam a desaparecer nas migalhas do pôr-do-sol, e a criança que há em ti atravessa o arame debaixo da tenda que encobre a vida, equilibras-te ao som de Wordsong (AL Berto) e todas os espetadores mergulham no teu corpo,
- Desejo-te quando acorda o dia
Abro as asas e sacudo a areia molhada que há em mim, olho-te em passinhos de algodão sobre o arame da manhã, o meu rosto impresso no espelho da alvorada, lá fora o rosnar dos carros embebidos no perfume da maré que me olham, e debaixo de ti lágrimas de suor voam em direção a deus,
- E quando termina o dia espero-te junto à janela onde entras todas as noites, e quando termina o dia desejo-te como desejo sair desta ilha naufragada, desejo-te como desejo voar até chegar ao sol, e sem nunca olhar para trás, e sem nunca olhar para trás abraçar-te no infinito,
Eis as palavras do meu corpo quando o sangue coagula nas frestas da infância, e barcos prisioneiros no rio procuram lagostins e pastéis de bacalhau, o sangue transforma-se em vodka e brota nas prateleiras da biblioteca, todos os livros embriagados, e oiço as vozes de cada poema, e oiço o abrir da janela e dizem-me
- Hoje ela não vem,
E dizem-me que os relógios dormem nos lençóis das tuas mãos como quando acordo e percebo que estou vivo e que tu
- Hoje Desejo-te quando acorda o dia,
E percebo que estou vivo e que tu caminhas sobre o arame debaixo da tenda que encobre a vida, línguas de fogo entre fatias de pão, e todo o mel derrete-se na tua boca, e todo o mel derrete-se no meu desejo,
E todo o mel
- Abraça-me Francisco,
E todo o mel nas portadas da manhã, entre fatias de pão e sumo de laranja…

(texto de ficção)

Eternamente dia

Há de acordar do silêncio da noite
A estrela polar dos teus olhos
E eu
E eu que sou um veleiro
Guiar-me-ei até aos teus braços
Meu porto de abrigo

Há de acordar do silêncio da noite
O fervor dos teus lábios
Quando a tua boca em desejo
Se alimenta do meu cansaço

Quando a tua boca em desejo
Mergulha nas minhas mãos
E olho-te à beira mar
Em brincadeiras com o vento
Há de acordar do silêncio da noite
Uma casa sem portas e sem janelas

E será eternamente dia.

sábado, 31 de março de 2012

A abelha da noite

Uma abelha enormeeee poisada na lombada dos meus livros,
- E se a porta sempre cerrada, e se a janela sempre cerrada,
Uma abelha enormeeee disfarçada de palavras, deus travestido de abelha aos encontrões nos murmúrios da insónia, Será deus a testar o meu ateísmo?,
- E sabes… Não tenho coragem de a assassinar, e bastava lançar um simples cachimbo, e zás, deus, ou a abelha, quem quer que seja, tomba no silêncio cansado do fumo do meu cigarro,
(não devias fumar Meu filho)
E tanta coisa que eu não
- Não devia estar desempregado e estou, não devia escrever e escrevo, e se algum dia o cancro me visitar tratá-lo-ei como trato todas as pessoas que me procuram, com afeto, com carinho, ser simpático,
E fiz, e fui, e tanta coisa que eu não consigo perceber, não consegui entender a sombra das mangueiras, nunca percebi porque calcei o primeiro par de botas aos seis anos,
- E tão pesadas Meu filho,
Mãe O que são botas?,
- Não sei meu filho Eu e o teu pai nunca votamos na vida, alguém não deixa,
E tão pesadas, enormeeess como as âncoras dos navios estacionados no porto de Luanda, e eu Mãe, e eu também nunca calcei um par de botas, e os pés inchavam, e nas mãos as frieiras das manhãs de inverno, e sinto saudades das sandálias e dos calções,
- Não devias fumar Meu filho,
Semeavas no rosto um sorriso de primavera, Belém acordava junto ao rio, e nunca soube quem eras, via-te passar nas sombras do Texas, e eu olhava o teto, abelhas e travestis de mão dada alimentavam-se da seiva esbranquiçada da noite, e quando acordava sentia o mar dentro de mim, eu
- Um cacilheiro em círculos nas mãos da Marilú, um cacilheiro em círculos nas mãos da Gisela, eu em viagens pelo Tejo até me cansar,
Eu simplesmente impávido às cores da abelha vestida com silêncios e orgasmos de noite,
(escrevem no Google “Orgasmos Intensos” e poisam no meu blog)
Como se o meu blog fosse uma puta a fingir orgasmos entre copos e charros, como se o meu blog fosse um par de botas calçados pela primeira vez aos seis anos de idade,
- Semeavas no rosto um sorriso de primavera
(e o meu blog é uma puta séria, coletada e sindicalizada, e descansa ao domingo)
Via-te passar entre os carris que acordavam em Cais de Sodré e adormeciam em Belém, junto ao rio, não devia estar desempregado e estou, não devia escrever e escrevo, e se algum dia o cancro me visitar tratá-lo-ei como trato todas as pessoas que me procuram, com afeto, com carinho, ser simpático,
(escrevem no Google “Bares de Engate em Lisboa” e poisam no meu blog)
Como se o meu blog fosse um estabelecimento comercial, como se o meu blog fosse um corrupio de sexos pendurados nas janelas da lua,
E fiquei sem perceber se ele ou ela queriam engatar ou serem engatados, e fiquei sem perceber a sombra das mangueiras, e fiquei sem perceber porque calcei o primeiro par de botas aos seis anos,
Via-te passar,
- Não devias fumar Meu filho,
E fumo até me cansar como me cansei de andar vestido de cacilheiro em círculos no Tejo.
(Ganhei coragem e matei a abelha…)

(texto de ficção)

Princesa adormecida

E voas nos meus sonhos
Princesa adormecida
Flor cansada que se aconchega ao meu corpo
E voas e voas
Pássaro louco
Quando dos meus lábios
Palavras constroem poemas
Quando das minhas mãos
Um silêncio poisa nos teus seios…
E voas nos meus sonhos
Princesa adormecida
E voas e voas e voas em direção à lua

sexta-feira, 30 de março de 2012

Sonharás comigo?

Pego na esferográfica da noite, vem a paixão até mim embrulhada nos pedacinhos de rosa que saltitam nos lábios da luz, olho-te, olho-te abraçada ao pijama com bolinhas encarnadas, deitas os cabelos sobre o silêncio e sonhas,
- Sonharás comigo?,
Pergunto-me,
Pergunto-me se sonharás comigo, com as minhas mãos, com o meu sorriso, com os papéis poisados na minha secretária
- Que desarrumação Francisco,
Miúda parva, poisados na minha secretária os meus lábios, Sonharás com os meus lábios?, ao pequeno-almoço,
Finíssimos cristais de silício com torradas, sumo de laranja e leite, do jornal as parvoíces de sempre, a crise, a crise, a puta que os pariu,
Oiço a tua voz em cansaços sibilados, respiras docemente como uma abelha em busca do pólen, tens nos olhos cerrados as pálpebras da insónia, e se eu comer as torradas, e se eu comer os cristais de silício e deitar fora o leite,
Pergunto-me,
- Quando pego na tua mão se sonharás comigo,
(Esqueço-me do sumo de laranja)
Uma equação diferencial escreve-se na ardósia da tarde, os pórticos galgam as saliências do sonho, e todas as janelas da tua cidade de braços entrelaçados nos ramos de árvores embriagadas pelos pássaros de primavera, aqui não chove
- Miúda parva,
Aqui sol misturado com integrais triplos, e pergunto-me, e pergunto-me se conseguirás sonhar comigo na desarrumação da minha secretária, junto às bolinhas encarnadas do teu pijama,
- Que desarrumação Francisco,
(e não interessa a um desempregado se a TVI escreveu no canto esquerdo do ecrã PAÇOS em vez de PASSOS, o que nos interessa é trabalho; Parvalhões)
Todos os pássaros,
Parvalhões todos os pássaros que deixaram as árvores embriagadas, Parvalhões todos os dias sem torradas, parvalhões todos os dias sem cristais de silício, parvalhões todos os dias sem leite e sumo de laranja,
- Se todos os erros deste país fossem a troca de PASSOS por PAÇOS…
Pego na esferográfica da noite, vem a paixão até mim embrulhada nos pedacinhos de rosa que saltitam nos lábios da luz, olho-te, olho-te abraçada ao pijama com bolinhas encarnadas, do jornal as parvoíces de sempre, a crise, a crise, olhas a necrologia e procuras o meu rosto, vês os meus lábios embainhados numa cruz imaginária, os meus lábios perguntam-te se sonharás comigo
- Fodeste-me cinquenta cêntimos,
Comigo dentro da boca que se alimenta das sombras de Cais de Sodré, o  rio, o rio pergunta-te,
- Sonharás com ele?,
Parvalhões todos os pijamas com bolinhas encarnadas, Parvalhões todos os rios que correm para o mar, Parvalhões todos os barcos que sonham e têm asas, e voam sobre os teus cabelos,
- PASSOS por PAÇOS…
Quando finíssimos cristais de silício com torradas, sumo de laranja e leite, do jornal as parvoíces de sempre, a crise, a crise, a puta que os pariu.

(texto de ficção)

Atenção – FRAUDE II

Mais informações sobre a fraude de Bloqueio de computadores pela Polícia de Segurança Pública.
Esta fraude está a utilizar o nome da Prepaid Services Company LDA (http://www.paysafecard.com/pt/pt-paysafecard/) entidade legal e idónea.
Os piratas informáticos dizem-vos que o computador foi bloqueado pela PSP (conforme foto) e que é necessário comprar um cartão PAY SAFE CARD no valor de 100,00€, posteriormente é vos pedido que introduzam o PIN para desbloquear o computador, é falso, aquilo que o pirata informático pretende é o PIN para utilizar o vosso dinheiro em compras online.
Se compraram o cartão não introduzam o código PIN;
Se introduziram o código PIN tentem neste endereço:
(http://www.paysafecard.com/pt/seguranca/utilizacaoseguradopaysafecard/#irfaq_5_3c1ca) bloquear o cartão e seguir os procedimentos da empresa para recuperarem o vosso dinheiro.