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segunda-feira, 13 de abril de 2015

Não vejo televisão; apenas por opção.
Li hoje, á noite, alguns comentários sobre uma reportagem emitida na TVI, o Serviço Nacional de Saúde (caos nas urgências), não a vi, não posso comentar, mas pelos lidos por mim, concluí que o SNS é uma porcaria, um matadouro onde se desembocam cadáveres, sem dó nem piedade.
Sendo verdade, a dita reportagem devia abordar do que existe de espectacular no SNS. Por experiência, devido a doença Oncológica do meu pai (melanoma no couro cabeludo), infelizmente dos mais mortíferos, e já num estado avançado, tenho passado o último ano e meio no IPO-Porto, cirurgia inovadora, radioterapia, diversos exames (PET) sem nunca ninguém lhe perguntar ou dizer que
- desculpe, é caro não o vamos fazer.
Não.
Sempre fizeram os possíveis e impossíveis para lhe salvar a vida, sem nada em troca, e mesmo que o meu pai tivesse uma vida contributiva até aos 100 anos, nunca, nunca pagaria um décimo daquilo que o SNS já gastou com ele…
E nunca se esqueçam, e falo por conhecimento próprio, temos o IPO-Porto a nível mundial.
Obrigado a todos os profissionais dessa casa.
 
Francisco Luís Fontinha


sexta-feira, 30 de março de 2012

Sonharás comigo?

Pego na esferográfica da noite, vem a paixão até mim embrulhada nos pedacinhos de rosa que saltitam nos lábios da luz, olho-te, olho-te abraçada ao pijama com bolinhas encarnadas, deitas os cabelos sobre o silêncio e sonhas,
- Sonharás comigo?,
Pergunto-me,
Pergunto-me se sonharás comigo, com as minhas mãos, com o meu sorriso, com os papéis poisados na minha secretária
- Que desarrumação Francisco,
Miúda parva, poisados na minha secretária os meus lábios, Sonharás com os meus lábios?, ao pequeno-almoço,
Finíssimos cristais de silício com torradas, sumo de laranja e leite, do jornal as parvoíces de sempre, a crise, a crise, a puta que os pariu,
Oiço a tua voz em cansaços sibilados, respiras docemente como uma abelha em busca do pólen, tens nos olhos cerrados as pálpebras da insónia, e se eu comer as torradas, e se eu comer os cristais de silício e deitar fora o leite,
Pergunto-me,
- Quando pego na tua mão se sonharás comigo,
(Esqueço-me do sumo de laranja)
Uma equação diferencial escreve-se na ardósia da tarde, os pórticos galgam as saliências do sonho, e todas as janelas da tua cidade de braços entrelaçados nos ramos de árvores embriagadas pelos pássaros de primavera, aqui não chove
- Miúda parva,
Aqui sol misturado com integrais triplos, e pergunto-me, e pergunto-me se conseguirás sonhar comigo na desarrumação da minha secretária, junto às bolinhas encarnadas do teu pijama,
- Que desarrumação Francisco,
(e não interessa a um desempregado se a TVI escreveu no canto esquerdo do ecrã PAÇOS em vez de PASSOS, o que nos interessa é trabalho; Parvalhões)
Todos os pássaros,
Parvalhões todos os pássaros que deixaram as árvores embriagadas, Parvalhões todos os dias sem torradas, parvalhões todos os dias sem cristais de silício, parvalhões todos os dias sem leite e sumo de laranja,
- Se todos os erros deste país fossem a troca de PASSOS por PAÇOS…
Pego na esferográfica da noite, vem a paixão até mim embrulhada nos pedacinhos de rosa que saltitam nos lábios da luz, olho-te, olho-te abraçada ao pijama com bolinhas encarnadas, do jornal as parvoíces de sempre, a crise, a crise, olhas a necrologia e procuras o meu rosto, vês os meus lábios embainhados numa cruz imaginária, os meus lábios perguntam-te se sonharás comigo
- Fodeste-me cinquenta cêntimos,
Comigo dentro da boca que se alimenta das sombras de Cais de Sodré, o  rio, o rio pergunta-te,
- Sonharás com ele?,
Parvalhões todos os pijamas com bolinhas encarnadas, Parvalhões todos os rios que correm para o mar, Parvalhões todos os barcos que sonham e têm asas, e voam sobre os teus cabelos,
- PASSOS por PAÇOS…
Quando finíssimos cristais de silício com torradas, sumo de laranja e leite, do jornal as parvoíces de sempre, a crise, a crise, a puta que os pariu.

(texto de ficção)