(desenho
de Francisco Luís Fontinha)
E a
doença sifilítica nos dedos do artista, adormece a tela, o poema e
a musa do poeta,
Sinto-me...
um suicidado cadáver de esperma, um transeunte canalha com
suspensórios e gravata, e sapatos de ponta delgada,
Faltam-me
as tuas mãos, mãe,
Café?
Viajo
na tua saia e percebo que não temos regresso, regressar é um
suicídio sem palavras, uma carta escrita, os motivos da tua
ausência, as faltas da tua presença na Igreja, sinto-me quando
abres a janela do quarto e tenho a certeza que estou vivo,
Bom
dia, mãe...
Meu
querido filho!
O
livro cresce nas ardósias cinzentas da memória,
Que
és enigmático, meu filho...
Que
sim, minha mãe,
Que
sim,
Telefonaram
da Rua dos Mendigos?
Para
mim, mãe?
A
cidade embriagada nas sandálias do pescador, o mar, sempre o
apaixonado mar, a paixão azul, do azul literário e poético...,sabes
com é, mãe,
Pois,
Sei
que semore sonhaste comigo,
Eu?
Sim,
tu, mãe,
Quando
dizias que aos três anos de idade já voava...
(ficção)
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira,
20 de Fevereiro de 2015