quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015


(desenho de Francisco Luís Fontinha)


Sinto-me um caixote em madeira, um socalco lágrima descendo até ao Douro, uma eira, imaginada em Carvalhais – S. Pedro do Sul, sinto-me a noite vestida de negro, abraçada aos meus sonhos, sem poder mais,
Amanhã, meu amor!
O circo, os palhaços narcisados nas palavras escritas pelo fantasma do silêncio, a minha vida uma “merda” comparada com a vida dos meus vizinhos, hoje sonhei que a pobreza tinha morrido... como se a pobreza tenha morte... este momento embriagado em poemas de amor,
Poder mais...
Os sorrisos, a mentira do soneto sobre os ombros vergados de uma enxada, o cristal opaco que sobressai nas fotografias de infância, a dor, e a doença
Sinto-me
E a doença sifilítica nos dedos do artista, adormece a tela, o poema e a musa do poeta,
Sinto-me... um suicidado cadáver de esperma, um transeunte canalha com suspensórios e gravata, e sapatos de ponta delgada,
Um café Doutor?
Café...
Faltam-me os cigarros...



(texto de ficção)
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 19 de Fevereiro de 2015

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