(desenho de
Francisco Luís Fontinha)
O peso do sono
quando a noite se suicida no olhar das palavras,
a metáfora
inventada
que as imagens
alicerçam à construção da fantasia,
regressar... nunca,
o peso do sono
suspenso nos oiros plátanos da ínfima melancolia,
o sono morre como
morrem as ervas daninhas das minhas veias,
em silêncio,
o peso do sono
voando sobre as esplanadas de vidro,
o cansaço das
fotografias entre quatro paredes de xisto,
cintilam as
calamidades do infinito orgasmo de papel...
e ninguém percebe
que na tua mão...
que na tua mão
habitam os finíssimos cabelos do poema,
o corpo vacila no
pêndulo da saudade como um círculo de luz,
esquecido nas
masmorras da infância,
o peso do sono
mensurável nas avenidas acabadas de projectar,
sem automóveis para
conversar,
pessoas,
sombras...
casas em sonolência
despedida,
eu,
transeunte iluminado
pelos vapores de iodo,
mergulhado em
vulcões de alegria
e... e alguns
pedaços de fogo,
e o peso do sono em
constante tortura... quando me visto de noite inseminada.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Sábado, 20 de
Dezembro de 2014