Todos os rios são azuis,
depois de acordarem.
Todas as flores são de
papel, depois de dormirem,
Como eu, o poeta das
palavras mortas,
O poeta das equações
cansadas,
Que vivem neste jardim.
Perco-me nos teus olhos,
Menina canção da
alvorada,
Espelho envelhecido que
se passeia pela manhã,
Com sono,
Sem sono,
Aproximadamente, durante
três segundos de vida.
Esqueço-me de ti, dentro
deste caderno prateado,
Das palavras as grades
desta prisão,
Coração esgotado,
Nas lágrimas ensonadas do
Luar.
Menina da alvorada,
Cidade perdida na tua mão,
Canção aos molhos,
Pedra lápide nome meu,
Fotografia desnecessária,
Foguete, avião…
Nas cinzas do suicídio.
O medo.
Furacão invisível do teu
olhar,
Boca enorme, olhos esbugalhados
pelo incenso amor…
Depois da tarde,
Neste silêncio de medo.
Vem a triste solidão,
Traz as equações do sono,
Algoritmos embrulhado em
jornais,
Onde notícias más,
Abraçam conservas ruins,
Tudo pára; STOP, meu
amor.
A carta vaidade das
palavras,
Os fósforos invisíveis da
morte,
Na palma de uma rosa,
Sem nome,
Com nome;
Isto é uma tarde de
Outono.
Francisco Luís Fontinha,
Alijó-04/10/2020