Cada folha que te escrevo
É uma página enganada
Que percebo
Com o levantar da aurora
boreal
Em cada folha que te
escrevo
É uma nova madrugada
Deste diário infernal
Cada folha que te escrevo
Poisa o sol nas folhas
caducas do silêncio
Que desce por esta parede
E se esconde na minha mão.
Cada folha que te escrevo
É um rio sem nome
Em direcção ao mar
De cada linha
Desta folha
Oiço os apitos do comboio
com destino a Santa Apolónia…
Em cada folha
A minha mão rasurada
Por uma esferográfica
E o rio morre
Como eu
Morro
Sabendo que cada folha
que te escrevo
É uma janela com
fotografia para o mar.
05/08/2023