Não sei o nome deste
Oceano,
Frio,
Escuro,
Onde me escondo,
Não sei o nome deste
Oceano
Onde se escondem todas as
minhas fotografias,
Mortos,
Quase mortos, outros,
Todos.
Não sei o nome deste
Oceano,
Onde todas as noites vêm
a mim…
Todas as palavras,
Todos os nomes,
Os vivos,
Os mortos,
Cemitério de poemas…
Deste Oceano,
Inventado,
Em delírio.
Não sei o nome deste
Oceano,
Das madrugadas sem luar,
De luares sem nuvens,
De nuvens sem poesia,
E pergunto-me,
Como poderá a noite viver
sem poesia…
Neste Oceano de luz,
De rochedos travestidos
de noite,
Quando a noite te
pertence,
Também tu, adormecida,
Morta.
Dentro deste Oceano.
Não sei o meu nome,
Não sei o nome deste
Oceano…
De petroleiros em sono,
Quando um pedaço de
insónia
Entra pela janela,
Ao cair da noite,
Nas tuas mãos
Este Oceano de enganos,
De outros tantos pedaços
de luz,
Quando o meu nome
É pincelado nos teus
lábios.
Não sei o nome deste
Oceano,
De ruas sem janela,
De janelas sem os doces cortinados
do desejo,
Escondes-te dentro deles,
Sacias a tua sede com o
silêncio do meu olhar,
Neste Oceano onde te
escondes,
Neste Oceano de montanhas
e planícies em fuga…
Não sei o nome deste
Oceano,
Onde brinco com os meus
traços envergonhados,
Quase a desfalecerem de
sono,
E, no entanto,
Dentro deste Oceano,
Há uma vírgula que me aprisiona…
Aos versos deste Oceano.
15/07/2023