Invento-te
Nas sílabas silenciadas
da insónia,
Invento-te
Nos poemas que escrevo,
Invento-te
Nas estrelas que se
abraçam aos meus olhos…
E são apenas pontos de
luz,
E são apenas estrelas.
Invento-te
Nas palavras que semeio
sobre o mar,
Invento-te
Em todas as marés,
Em todos os pôr-do-sol…
Invento-te
Em cada final de tarde
Junto à baía,
Invento-te
Quando o sono poisa nos
meus lábios…
E troco os beijos e todos
os desejos
Pela luz que entra na
minha biblioteca…
E se senta sobre a
secretária,
Invento-te
Nas fotografias que
dormem pertinho de mim
E percebo que são
fantasmas,
Invenções,
Porque te invento,
Porque te desenho
E escrevo,
E enquanto um pedacinho
de mel,
Ou um pequeno silêncio de
mar…
Vem a mim,
E me questiona porque te
invento, confesso; não sei responder.
Alijó, 6/10/2022
Francisco Luís Fontinha