quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Final de tarde

 Invento-te

Nas sílabas silenciadas da insónia,

Invento-te

Nos poemas que escrevo,

Invento-te

Nas estrelas que se abraçam aos meus olhos…

E são apenas pontos de luz,

E são apenas estrelas.

 

Invento-te

Nas palavras que semeio sobre o mar,

Invento-te

Em todas as marés,

Em todos os pôr-do-sol…

Invento-te

Em cada final de tarde

Junto à baía,

 

Invento-te

Quando o sono poisa nos meus lábios…

E troco os beijos e todos os desejos

Pela luz que entra na minha biblioteca…

E se senta sobre a secretária,

Invento-te

Nas fotografias que dormem pertinho de mim

E percebo que são fantasmas,

 

Invenções,

Porque te invento,

Porque te desenho

E escrevo,

E enquanto um pedacinho de mel,

Ou um pequeno silêncio de mar…

Vem a mim,

E me questiona porque te invento, confesso; não sei responder.

 

 

Alijó, 6/10/2022

Francisco Luís Fontinha

Sem comentários:

Enviar um comentário