A
sombra dos teus lábios,
Suspensa
no silêncio da noite.
Desenho
a madrugada,
No
teu corpo de escrever,
Escrevo
palavras,
Silêncios
de sofrer.
Em
cio todos os pássaros,
Todas
as abelhas,
No
telhado da aldeia,
A
sombra dos teus lábios,
Brincando
na eira,
Escrevo
palavras,
Parvas,
No
teu corpo alvorada,
Desisto,
A
melancolia,
Um
dia,
Morta
na calçada.
A
sombra dos teus lábios,
Que
a noite vê crescer,
É
luar,
É
mar,
É
poema de sofrer…
A
sombra dos teus lábios,
Os
pinceis da revolta,
O
jardim envergonhado,
Sem
escolta,
Descendo
a calçada,
O
sem-abrigo desgraçado,
De
livro na mão…
Deita-se
no chão,
Dorme
tranquilamente como uma pomba…
Engana
a fome com o poema,
Bebe
todas as sílabas do poema…
E
morre.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
5/05/2019