Tudo
o que há em ti, meu amor,
São
sílabas envenenadas,
Nos
lábios cansados,
Do
poeta.
Tudo
o que há em ti, meu amor,
São
amêndoas em flor,
Nas
mãos da madrugada…
São
palavras inventadas,
Poemas
revoltados…
Do
poeta.
Tudo
o que há em ti, meu amor.
Do
poeta,
Os
livros engasgados no teu ventre,
O
poema abraçado aos teus seios, como uma caravela,
Esquecida
no mar,
À
deriva.
Tudo
o que há em ti, meu amor,
Os
pássaros que brincam no teu cabelo,
Olhando
a calçada,
Quando
desce a noite na pele cinzenta das árvores queimadas,
Tudo,
meu amor.
Tudo
se cansa em mim,
Como
pedras ensanguentadas,
Os
comprimidos do sonho,
A
injecção da esperança,
E
tu, meu amor,
Nesta
amaldiçoada canção.
Tudo
o que há em ti, meu amor,
A
manhã em pequenas quadriculas de tecido,
A
agulha, o dedal…
Junto
ao mar.
Tudo
o que há em ti, meu amor.
O
desejo da paixão,
Num
corpo apaixonado,
Tudo,
meu amor,
Da
janela desventrada,
O
silêncio dos livros queimados,
Na
tua ausência…
Do
poeta,
Tudo,
tudo o que há em ti, meu amor!
Francisco
Luís Fontinha
Alijó,
16/03/2019