A
frieza com que inventas os pássaros do meu jardim, contente por te ver e teres
desenhado um sorriso na vidraça do fim de tarde,
Talvez,
amanhã, depois de amanhã, eu regresse às tuas mãos de seda,
As
árvores,
Porquê,
Francisco?
As
árvores recheadas de medo, como eu, que partas brevemente, talvez amanhã, eu
regresse aos teus lábios de amêndoa doirada, mas hoje, minha filha, hoje, não.
Sabes?
Diz,
Quando
nasci, num Domingo de Janeiro, congelaram-me o cérebro e ainda hoje está
suspenso nos Céus de Luanda,
Geladinha…
Então
rapaz, essa CuCa?
Vai
já, patrão, vai já,
A
frieza com que inventas palavras que eu escrevo na boca, os alicerces da
solidão nas tuas coxas de veleiro em papel, os pincéis despedidos por mim,
ontem, o mar estava revoltado, ontem, eu estava revoltado, mas hoje,
Então
essa CuCa, rapaz?
Vai
já, patrão, vai já…
E,
esse fatídico Domingo de Janeiro morreu ao Pôr-do-Sol…
Porquê,
Francisco?
As
árvores recheadas de medo, como eu.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
08-03-2019
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