Hoje,
Sábado, eu, não fiz nada,
Rigorosamente,
nada.
Hoje,
eu, Sábado, levantei-me às seis e trinta minutos,
Dei
a injecção à minha mãe, depois, fumei dois cigarros virgens,
Completamente,
virgens,
E,
deitei-me.
Dormi.
Tomei
banho. Fui tomar café, buscar as compras…, ir ao cemitério,
Hoje,
eu, Sábado, não fiz nada,
Rigorosamente
nada.
Almocei,
tomei café, e voltei a adormecer…
Acordei,
lanchei…
E
escrevo estas palavras,
Hoje,
eu, Sábado, não fiz nada,
Rigorosamente,
nada.
Hoje,
eu, Sábado, sinto na boca as palavras salgadas, tristes, distantes,
E,
rigorosamente, nada.
Hoje,
eu, Sábado, não fiz nada.
Os
pássaros, os teus pássaros, todos estacionados nas tuas mãos de areia fina,
Branca,
como a do Mussulo,
E,
regressa a noite.
Pinta-se
o dia de tristeza, não me ouve, ele, como sempre,
Rigorosamente,
nada.
Nada.
Sábado,
eu, hoje, acordei cedo, deitar-me-ei tarde e acordarei cedo,
Amanhã,
Domingo, a voz enrouquecida pela tempestade,
E
sinto o mar, dentro de casa, só, só, como eu,
Hoje.
Rigorosamente
nada.
Ao
final da tarde,
As
palavras que há pouco experimentei, salgadas, tristes e sós…
Rigorosamente,
nada,
Hoje.
Sábado.
Francisco
Luís Fontinha
Alijó,
9/03/2019
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