A
navalha com que assassinaste os meus límpidos lábios,
É
a mesma com que acaricio as veias das palavras,
Um
narciso, chora,
E,
cresce a tarde na tua boca.
O
peso do corpo na balança da solidão,
Regressa
a morte,
E,
levantam-se do chão calcinado, as andorinhas em flor.
Um
narciso, chora.
O
meu jardim está de luto,
Morreram
todos os meus livros, todos.
Meu
grande amigo, amanhã, Sábado, a navalha da solidão vai alicerçar-se no meu
peito,
Sinto
os cigarros que me assombram ao cair da noite,
E
vou morrer…
A
água da paixão, no tanque da saudade.
Deixa
as árvores voarem sobre a aldeia,
Como
pássaros em cio,
Vadios,
Em
liberdade.
Nunca
me ouves.
Nunca
me abraçaste como abraças o meu silêncio,
Uma
carta fica suspensa na mão do carteiro; Amas-me?
Não.
Claro
que não.
O
amor é uma merda.
Como
eu,
E,
as palavras minhas,
Poucas
e apaixonadas,
Procuram,
embriagadas,
As
noites cansadas…
Como
eu,
No
amor teu.
Só.
Só.
E
sinto o mar dentro de mim.
Francisco
Luís Fontinha
Alijó,
15/03/2019