Em
direcção à morte
O
vento se despede da solidão
Sem
perceber que a manhã se suicidou contra os rochedos da insónia
A
noite chegou
Trazia
na algibeira o Universo remendado pelos papéis da agonia…
E
um homem espera desesperadamente pelo seu amante,
Escrevo-te,
Junto
ao mar
Os
petroleiros do desejo em soluços
Como
as estrelas pregadas no Céu nocturno das fotografias prateadas,
Escrevo-te,
Espero
pela alegria da distância abrupta da imensidão do tempo,
Espero
pela ausência do teu peito
Fundeado
num qualquer porto esquecido numa qualquer cidade…
Em
direcção à morte
Os
alicerces do medo entre pergaminhos e livros de veludo
Correndo
a calçada que abraça o rio,
A
areia do teu corpo semeado nas mãos do teu rosto,
E
não sabias que do fogo da inocência
Um
suspiro se ergue até ao pôr-do-sol,
Desisto,
Sento-me
no jardim com vista para a tristeza,
E
um copo de uísque se despede de ti,
Até
logo,
E
escrevo-te nesta angustia de viver
No
sonho do veleiro abandonado,
Fujo
com o barco,
Deixo-te,
Abandono-te…
Sem
perceber o desejo do meu corpo
Nos
parêntesis da memória,
Escrevo-te,
Junto
ao mar…
E
escondo-me da tua sombra.
Francisco
Luís Fontinha
Alijó,
29 de Abril de 2017