a
destruição da alma
na
abóboda silenciosa da manhã
um
suspiro
a
ausência do teu corpo
neste
manchado lençol de prata
a
ausência do teu corpo
neste
imensurável destino menino
a
sinfonia da saudade
encastrada
nos ossos da alvorada
sinto-me
um cadáver inventado pelo sonho
sussurro-te
as palavras mágicas da sombra
sussurro-te
as palavras mágicas do Adeus
e
desapareço na ténue lentidão do sorriso
amo-te
destruição da alma
conflito
íngreme da solidão
estou
só
muito
só
que
nem tempo tenho para abraçar os barcos em regresso
que
trazem promessas
riquezas
brincadeiras
de criança
a
bandeira do amanhecer
hasteada
nos teus braços
a
insónia amestrada no palco do circo
o
frágil miúdo
inacabado
ausente
e
apaixonado pela cidade
inventei
amores
inventei
desamores
inventei
milhões de iões
beijando
electrões
inacessível
inculto dos comboios da noite
vou
com o circo
amo
o circo
e
as montanhas de Lisboa
amo
o circo
e
as montanhas de Luanda
barcos
o
engate do miúdo numa noite de copos
invade-me
o sono
o
silêncio suor na penumbra palavra em destruição
não
tenho ossos
sonhos
noite
não
tenho nada
meu
amor
nada
Francisco
Luís Fontinha
domingo,
27 de Março de 2016