Não
sei, meu pai, não... sei,
O
frio entranhava-se-lhe nos ossos fictícios de pequenas partículas de desejo,
António inventava fogueiras no olhar, esfregava as mãos como se de uma reza se
tratasse, mas não, a rua deserta deixava-lhe suspenso nos ombros um fino
silêncio de noite, imaginava vãos de escada em cada esquina, desenhava na geada
pequenos quadrados, depois, de pé ente pé saltitava como a queda de uma folha,
Um
cigarro adormecia-me a alma, reclamava ele quando dois adolescentes se
abraçaram a ele
E
ele?
Incrédulo,
Vocês.
Aqui?
In
“Amargos lábios do poema”
Francisco
Luís Fontinha – Alijó