(desenho de
Francisco Luís Fontinha)
Inventas-me no
silêncio pergaminho,
permaneço
desorganizado nos teus lábios,
sou um palhaço,
um circo ambulante
comendo amêndoas
e figuras
geométricas,
as equações dos
teus seios
adensam-se nas
ardósias do meu corpo,
não sei se te amo,
não sei se me
amas...
permaneço
inconstante,
volátil...
surpreso ambulante,
figurante,
poeta
insignificante,
espelho de nata...
o Tejo na minha mão,
o teu corpo despido
solicitando o regresso da noite,
o porteiro
gritando.... “Foda-se o amor”,
a paixão
o desenho
e a poesia da
solidão,
dos socalcos em
orgasmos vínicos...
e a fotografia dos
meus pais
descendo ao poço da
morte
abraçando-me
loucamente só, como uma equação anónima,
como um prego em
aço.
Francisco Luís
Fontinha
Quarta-feira, 14 de
Janeiro de 2015