quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Circo ambulante

(desenho de Francisco Luís Fontinha)


Inventas-me no silêncio pergaminho,
permaneço desorganizado nos teus lábios,
sou um palhaço,
um circo ambulante
comendo amêndoas
e figuras geométricas,
as equações dos teus seios
adensam-se nas ardósias do meu corpo,
não sei se te amo,
não sei se me amas...
permaneço inconstante,
volátil...
surpreso ambulante,
figurante,
poeta insignificante,
espelho de nata...
o Tejo na minha mão,
o teu corpo despido solicitando o regresso da noite,
o porteiro gritando.... “Foda-se o amor”,
a paixão
o desenho
e a poesia da solidão,
dos socalcos em orgasmos vínicos...
e a fotografia dos meus pais
descendo ao poço da morte
abraçando-me loucamente só, como uma equação anónima,
como um prego em aço.



Francisco Luís Fontinha
Quarta-feira, 14 de Janeiro de 2015


Sem comentários:

Enviar um comentário