(desenho de
Francisco Luís Fontinha)
Habito este cubículo
de areia doirada
sem porta
sem janelas
sem jardim nem
palavras
habito este cubículo
iluminado pelo sofrimento
a cidade lá fora
fervilha
e vomita pedaços de
vento
… e melancolia
lágrimas de papel
encaixotadas num
círculo com olhos verdes
lápides escondidas
nas sombreadas avenidas
dos poemas
envenenados pelos seios da saudade
a liberdade
habita
neste cubículo sem
poesia
sem... sem noite
sem dia
habito
e vivo
acorrentado aos
braços de um marinheiro faminto
descendo calçadas
subindo montanhas de
algodão
habito neste
cubículo de solidão
e desenho nas
paredes do meu quarto...
o meu rosto
envelhecido
e espelhos negros
sem corpo
sem coração.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Domingo, 11 de
Janeiro de 2015
Sem comentários:
Enviar um comentário