Esta pedra de
sentar,
o sonho quando se
apaga e voa sem que ninguém o consiga alcançar,
esta poeira
cristalina sem encontrar o mar,
este verso
prisioneiro da maré, pontapeando a sombra do sono,
uma cama me grita, e
eu, eu obedeço,
me deito, adormeço,
esta pedra de
sentar,
alucinada como os
botões de rosa de odor a madrugada,
este meu corpo
acorrentado ao velho Cacilheiro,
correndo, andando,
estropiando o Tejo envergonhado,
este meu olhar
cerrado,
como nuvens de
papel, como algodão doce na mão de uma criança...
Pedra de sentar,
Esta pedra de
sentar,
disfarçada...
disfarçada de amar,
A morte
alicerça-se-lhe e ele acredita na pedra de sentar,
vai à janela... sem
se levantar,
das árvores que
observa, há uma que lhe acena, e o cumprimenta,
come uma sopa, e...
e ela, o alimenta,
ele acredita que no
próximo amanhecer, uma gaivota o vai visitar,
então, ele, fica
esperando na pedra de sentar,
como um rio, ou...
ou como um mendigo saboreando a noite,
vai às putas, e
esquece-se de regressar...
Esta pedra de
sentar...
deprimente sobre a
pele encaracolada da tempestade,
ele, ele não sabe
que do outro lado do rio, há uma cidade,
ele, ele não sabe
que do outro lado da cidade, há um esconderijo,
um jardim empedrado,
e que na lapela usa um lenço colorido,
detesta todas as
gravatas,
detesta todos os
lençóis com o aroma a cansaço,
detesta um simples
abraço,
esta pedra de
sentar,
irrita-me, e até
parece um esqueleto com pernas de chocolate,
com olhos de
solidão...
esperando,
esperando... esperando a alegria acordar.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 9 de
Julho de 2014