Perdi o teu nome
numa noite de geometria,
reinventei palavras
para te desenhar na tela do silêncio,
escrevi no teu corpo
quando a solidão zarpava janela adentro,
eu, eu sentava-me no
cadeirão cinzento... e procurava-te nos livros que lia,
o teu nome..., o teu
nome não aparecia,
e eu, eu mentia,
dizia que te
chamavas de “amor”...
e...
e... e nunca conheci
mulher alguma com esse nome,
e nunca conheci flor
alguma que tivesse nas pétalas a cor do teu olhar,
abria a janela,
e gritava...
“amor”...
“amor”...
e...
e... e ninguém se
apelidava assim,
gritava, gritava...
até que o luar me trouxe a insónia,
Cerrava a janela,
sentava-me no
cadeirão cinzento,
abria um livro,
fechava-o... e o teu
nome continuava desconhecido,
amargo,
tão amargo que dos
meus lábios brotavam pedacinhos de cinza,
algumas pérolas de
papel... e um ínfimo desejo despertava...
… e tu entravas, e
tu entravas e eu não me recordava do teu nome...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Domingo, 6 de Julho
de 2014