foto de: A&M ART and Photos
|
Não percebo as angústias dos teus braços, é
sexta-feira e lá fora chove, e todas as flores do nosso jardim,
hoje, hoje não estão, bato-lhes à porta e parecem ausentes, ou
doentes... ou preferem não me reconhecer durante a viagem ao inferno
dos teus sonhos, tenho portas metálicas que me obrigam a esconder da
luz original das madrugadas onde tu
Eu deitava-me sobre os embondeiros dos teus olhos,
abrigava-me como pétalas e mesmo assim, sabia que tu
Que eu?
Que tu continuavas a mentir-me, que tu
Que eu?
Que tu continuavas a escrever nas nocturnas
meninices com o cabelo apanhado e enrolado sobre os bronzeados
comestíveis peixes do aquário que durante anos tivemos na sala de
jantar, hoje
Hoje?
Hoje, ontem, talvez amanhã...
Hoje, que... eu?
Hoje, ontem, talvez amanhã... sexta-feira,
meia-noite nos teus lábios, o pêndulo tresloucado contra a trave em
madeira que sustenta o tecto, do aquário os peixes de brincar
adormecem nas mãos deles, e os ponteiros de ti... adormecidos entre
as três horas e as três horas e quarenta e cinco minutos, indeciso,
não o sei
Desisto?
Não Desisto?
Hoje?
Que tu continuavas a mentir-me, que tu
Que eu sofro porque deixei de observar as estrelas
sobre o mar, que eu sofro por
Tu continuas a mentir-me,
Tu
Tu que eu sofro por não adormecer devidamente como
as nossas plantas da varanda das traseiras, porque
(Para que serve esta porcaria, saberás
responder-me?)
Porque os rios são de seda, porque as árvores são
de papel... porque eu
De pano, achas que eu sou de pano?
Talvez de entretela... estranha manhã a tua antes
de acordares e me venderes o primeiro e o último beijo do dia, um
por dia, trinta e cinco euros, e a vida parece sorrir-lhe até que
regressou um veleiro de lá e trouxe a tempestade de abelhas que
devoraram todas as plantas
Da varanda das traseiras?
As plantas que não quero, as plantas que não me
interessam... e o cansaço encontrou-me debaixo da meia-noite,
despeço-me de sexta-feira e entranho-me no sábado...
Normal?
(Para que serve esta porcaria, saberás
responder-me?)
Da varanda das traseiras? Da varanda das traseiras?
Da varanda das traseiras? Da varanda das traseiras? Da varanda das
traseiras? Da varanda das traseiras?
Da varanda das traseiras? Da varanda das traseiras?
Da varanda das traseiras? Da varanda das traseiras? Da varanda das
traseiras? Da varanda das traseiras?
(Para que serve esta porcaria, saberás
responder-me?) e
Desisto?
Não Desisto?
Hoje?
Que tu continuavas a mentir-me, que tu
Que eu sofro porque deixei de observar as estrelas
sobre o mar, que eu sofro por
Tu continuas a mentir-me,
Tu
E,
… cansaço sono amargura sofrimento solidão
loucura... tudo, tudo, menos as plantas da varanda das traseiras,
Essas, essas, não...
… cansaço sono amargura sofrimento solidão
loucura... tudo, tudo, menos as plantas da varanda das traseiras,
Essas, essas, não... cansaço sono amargura
sofrimento solidão loucura... tudo, tudo, menos as plantas da
varanda das traseiras,
Essas, essas, não... cansaço sono amargura
sofrimento solidão loucura... tudo, tudo, menos as plantas da
varanda das traseiras,
Essas, essas, não...
(não revisto – ficção – Alijó)
@Francisco Luís Fontinha
Terça-feira, 3 de Setembro de 2013