foto de: A&M ART and Photos
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a quem pertencerá este corpo que
habita nas escadas do meu sótão?
não vestido
voando como abelhas e poisando nas
pétalas de madeira
debaixo do corrimão...
oiço-o ofegante adormecido nas noites
de solidão
oiço-o em corrida apresada descendo a
calçada
abrindo janelas
abrindo... olhares cintilantes com
sabor a estrelas do mar
oiço os apitos marinheiros
embriagados por ti
e em ti
quando inventas seios de prata e coxas
de chocolate
oiço-o mergulhar nas minhas asas
são os teus sorrisos vagabundos como
silêncios prisioneiros das aranhas clandestinas
mórbidas
mortas pela ranhura de uma lâmina de
barbear
(a quem pertencerá este corpo que
habita nas escadas do meu sótão?
não vestido
voando como abelhas e poisando nas
pétalas de madeira
debaixo do corrimão...)
e oiço-o suspenso nas árvores do
jardim da Estrela
e oiço-o que me chama e precisa das
minhas mãos para subir as escadas da insónia
pertencerás tu aos grandes pilares de
areia?
o comboio cintila e morre nos teus
olhos cintilantes envenenados pela luz falsa
reescrita nos muros das palavras
deambulantes que as gaivotas trazem da ilha...
oiço-o
e oiço-o sobre a cama esperando pelos
meus lábios de sabão
como as pequenas caravelas de
esferovite perdidas no tanque dos quatro caminhos
a quem pertencerá? um corpo voando nas
marés de vidro
um corpo um apenas e simples corpo
o teu corpo que ninguém consegue
explicar a quem pertencerá...
terá nome idade sexo religião? um
corpo putrefacto como as flores de Sábado à noite...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 2 de Setembro de 2013
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